DCI – Comércio, Indústria e Serviços | Agronegócios: Nordeste demanda aporte em cadastro rural

O Ministério do Meio Ambiente recebeu repasse de 10 milhões de euros do Banco Alemão de Desenvolvimento (KfW) para ajudar na implementação do CAR em vários estados brasileiros A agricultura familiar sofre pela falta de infraestrutura e profissionais capacitados com informações

São Paulo – A Região Nordeste é a mais carente em infraestrutura de pessoal e informação aos produtores sobre Cadastro Ambiental Rural (CAR). A expectativa é que um empréstimo obtido pelo governo brasileiro, na semana passada, socorra os produtores nordestinos.

Dados do Serviço Florestal Brasileiro (SFB) atualizados até o dia 30 de novembro mostram que 99% da área passível de cadastro está regularizada. Porém, enquanto as regiões Norte e Sudeste estão com 100% das áreas cadastradas no CAR, o Nordeste encontra-se em 72,3%, puxado, por estados como Bahia, Alagoas, Paraíba e Ceará, que ainda estão abaixo dos 50%. Vale lembrar que os baianos são líderes no cultivo de cacau do Brasil e fortes produtores de algodão. Alagoas e Paraíba compõem a safra canavieira da região, ao lado dos pernambucanos.

“Muita gente ainda não tem esclarecimento, nem sabe o que seria o cadastro. Há falta de informação, mas até o ano passado também não tinha muito pessoal qualificado”, conta a representante do departamento sindical da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Alagoas (FAEAL), Carla Lima, que atende os produtores da região. Ali, o problema está concentrado na agricultura familiar e em propriedades mais distantes.

O assistente sindical do Senar Paraíba, Marcos Alexandre dos Santos, ressalta que a dificuldade está na escassez de profissionais capacitados para auxiliar o setor produtivo. “Atendemos todo o estado e todos estão cientes da necessidade de regularização dos imóveis. Conseguimos avançar mas ainda há muitas propriedades para fazer”, enfatiza.

Contexto financeiro

O ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho, e o diretor do Banco Alemão de Desenvolvimento (KfW, na sigla em alemão), Carsten Sandhop, assinaram, na última semana, um convênio pelo qual a instituição repassará 10 milhões de euros (R$ 35 milhões) para investimento no CAR. O objetivo é que o valor seja revertido em capacitação de funcionários estaduais da pasta ambiental, estrutura, acompanhamento e análise de dados coletados.

“Precisamos de investimentos do Ministério do Meio Ambiente para os estados promoverem o PRA [Programa de Regularização Ambiental] e não estavam acontecendo esses investimentos”, afirma o presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), deputado federal Marcos Montes (PSD-MG), ao DCI.

Destaca-se o fato de que o montante aportado soma-se a outros 23 milhões de euros que haviam sido captados para os mesmos fins com os alemães. A Caixa Econômica Federal ficou com a responsabilidade de cumprir exigências de contrapartida da Alemanha. “Uma delas é uma consultoria internacional que possa elaborar estudos referentes a essa regularização das áreas rurais”, disse o presidente da Caixa, Gilberto Occhi, durante o fechamento da parceria.

Nayara Figueiredo

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