14 parlamentares disputam o cargo na casa, que terá validade até fevereiro de 2017
Os 14 candidatos à presidência da Câmara dos Deputados discursaram, na noite desta quarta-feira (13/7), no Plenário da casa por mais de duas horas. Os parlamentares que disputam o cargo fizeram promessas, relembraram as políticas de seus partidos, comentaram o momento do país e pediram votos aos mais de 460 colegas participaram da sessão, que começou às 18h29 quando o quórum mínimo foi atingido. Em sua maioria, os candidatos destacaram o Poder Legislativo, amplamente criticado pela sociedade, e prometeram mudanças. Cada um teve 10 minutos de fala. A escolha do futuro presidente será feita de forma secreta em votação em urna eletrônica.
O deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) foi o primeiro a falar na tribuna. “É preciso perseguir uma boa governança. Palavra empenhada é palavra cumprida. Essa é a essência do parlamento”, afirmou. O candidato ainda citou o presidente em exercício Michel Temer (PMDB) e o senador Aécio Neves (PSDB). Maia ultrapassou os 10 minutos, teve o microfone cortado, pediu desculpas e votos aos deputados presentes.
O segundo foi Evair Vieira de Melo (PV-ES). O deputado prometeu oferecer todo seu empenho, “trabalho árduo e completa dedicação para colocar o país no trilho.” “Está na hora de um líder pacificador. Focado na ética, na disciplina e na transparência. E acima de tudo que consiga comandar as atividades dessa casa de forma pacífica”, disse. O candidato doPartido Verde pediu voto aos deputados em primeiro mandato alegando que é preciso mudança na casa.
Em seguida, a palavra foi passada para Miro Teixeira (Rede-RJ). O parlamentar fez questão de falar sobre propostas enviadas a ele pela sociedade civil, as quais ele acredita serem fundamentais no debate da presidência da Câmara dos Deputados, e pediu protagonismo à casa que o “perdeu para o Senado.” Mas revelou que não pensa em vencer a disputa. “Me inscrevi como aquele maratonista que deseja correr os 40 km mesmo sabendo que poderá chegar em último”, disse.
Destaque ao Legislativo
Giacobo (PR-PR) foi um dos poucos que elogiou o Poder Legislativo e os deputados atuais da Câmara, e em seguida criticou quem coloca a culpa na Casa pelos problemas do Brasil. “Todas as mazelas do país são jogadas com exclusividade e por isso sem razão nos ombros desse poder”. “Jamais me renderei ao discurso fácil. Tenho orgulho de ser político e de fazer política”, completou.
A deputada Cristiane Brasil (PTB-RJ), a primeira mulher a discursar no Plenário na sessão da eleição presidencial na Câmara, afirmou que o país vive um momento único, porque a população agora está discutindo política. Ela citou as manifestações de 2013 e destacou a importância das mídias sociais. “Há tantos ineditismos negativos. Penso que é preciso equilibrar”, disse. E ainda emendou: “deve se sentar nessa cadeira alguém que, como eu, seja ficha limpa.”
Depois, a candidata Luiza Erundina (Psol-SP) começou sua exposição pedindo um novo tempo para o Brasil e o pagamento de uma “dívida histórica com as mulheres brasileiras.” “Nenhuma mulher ocupou a presidência dessa casa e poucas foram eleitas para cargos titulares na mesa diretora. Sem falar da baixa representação de negros e negras”, destacou. A deputada disse que essa é uma oportunidade da Câmara “limpar sua imagem perante a sociedade” e criticou o governo de Michel Temer.
Perto das 20h, Fabio Ramalho (PMDB-MG) subiu a tribuna do Plenário para falar sobre suas propostas, pedir votos e justificar sua candidatura à presidência da Câmara dos Deputados. “O colega que alcançar a maioria dos votos terá assumido o imenso compromisso e uma desafiadora missão. Não estamos falando de um cargo qualquer”, destacou. “Não podemos aceitar que apenas os líderes partidários decidam os rumos dessa casa. É preciso que surjam novas lideranças nessa casa”, defendeu.
Discursos inflamados Em uma das falas mais inflamadas da noite, Carlos Manato (SD-ES) rasgou seus discurso e criticou os colegas parlamentares. “O que vocês escreveram para mim é a mesmice que todos falaram até agora. Perdão a vocês, mas não serve para nada”, admitiu. Também mostrou um papel, que disse se tratar de um nada consta, e emendou: “cadê o nada consta de todos que querem ser candidatos? Ninguém debateu isso”.
Após horas de discurso dos candidatos, Carlos Henrique Gaguim (PTN-TO) destacou que “o povo quer solução e agilidade”. O parlamentar aproveitou para pedir voto e apoio da banca feminina. “Falam que tem três poderes: o Executivo, o Legislativo e o Judiciário. E eu coloco dois poderes acima desses. Primeiro é o poder de Deus e depois é o poder dessas maravilhosas mulheres deste Brasil”, afirmou.
Marcelo Castro (PMDB-PI) destacou que não fará discriminação e que o povo não está satisfeito com a política. “Como o povo escolheu e 90% do povo não nos aprova? Está na hora de fazermos uma profunda autocrítica. Que erros estamos cometendo? Não podemos admitir esse divórcio, essa dicotomia, essa distância entre a classe política e a sociedade brasileira”. Castro pediu que os deputados colocassem uma sandália da humildade para ter o respeito da sociedade brasileira. Ao fim da fala, o candidato foi muito aplaudido pelos colegas da casa.
Sem voz, Rogério Rosso (PSD-DF) falou sobre as horas que se dedicou à campanha eleitoral e disse que “não pretende inventar a roda, mas trabalhar com simplicidade e estabilidade”. “Independente de quem vença, a foto que nós temos que tirar aqui, de todos os candidatos e candidatas, é uma foto de mãos dadas para dizer que a partir de agora começa uma nova Câmara dos Deputados”, afirmou. Rosso ainda prometeu integrar as diferentes frentes parlamentares da casa, como a bancada feminina.
Agenda política
O candidato Gilberto Nascimento (PSC-SP) destacou que o “atual governo precisa trabalhar uma agenda voltada para o crescimento do país e do desenvolvimento econômico”. “Essa casa é o local dos grandes debates nacionais. É preciso discutir, apreciar, votar e dar uma resposta a essa sociedade”, acrescentou. Apesar do discurso, Nascimento não pediu voto e revelou ao fim que ele e seu partido decidiram votar em Rogério Rosso.
Penúltimo a falar, Esperidião Amin (PP-SC) defendeu que é preciso que cada um saiba compreender a posição do outro para transformar diferenças em somas, contribuições e talentos multiplicados. “Se eu pudesse resumir numa única palavra ou expressão: convivência em paz com os diferentes, com aqueles que pensam diferente da gente, vendo nessa diferença uma contribuição”, destaca. “Quem for eleito não vai cumprir um mandato, vai cumprir uma missão em um dos momentos mais difíceis”, frisa.
O encerramento da série de discursos foi com o deputado Orlando Silva (PC do B-SP). Oparlamentar pediu que a Câmara reflita sobre os problemas da sociedade, como o desemprego. “A política tem sido o fato decisivo para ampliação da crise econômica do Brasil. Há uma repercussão imediata sobre a vida do nosso povo. Creio que aqui fazemos pouco”, opinou. Silva criticou Eduardo Cunha e a decisão do impeachment de Dilma Rousseff.