Rosso informou que conversou com todas as bancadas e, assim como a maioria dos candidatos, fez um discurso defendendo a pacificação
Apontado como candidato preferido do Planalto para ocupar a presidência da Câmara, o deputado Rogério Rosso (PSD-DF) disse que a situação de sucessão na Casa é atípica e que o Parlamento espera alguém que “não queria inventar a roda”. “Não é o momento de inventar a roda. É o momento de trabalhar com simplicidade, estabilidade, voltando à normalidade dos trabalhos aqui na Casa.”
Rosso informou que conversou com todas as bancadas e, assim como a maioria dos candidatos, fez um discurso defendendo a pacificação. Em tom mais emotivo, Rosso não apresentou um programa específico, mas afirmou que sua atuação, caso vença a disputa, será voltada para cumprir a Constituição, “respeitar as instituições, honrar a atividadeparlamentar e pautar a não imposição individual, mas o compartilhamento.”
Ainda de acordo com o deputado, é “obrigação” do próximo presidente “garantir a governabilidade e a estabilidade para o governo”.
Durante o discurso, Rosso rebateu a deputada Luiza Erundina (PSOL-SP), que chamou o governo interino de Michel Temer de golpista. “Fico pensativo quando se fala em golpe.”
Logo após Rosso, foi a vez do deputado Gilberto Nascimento (PSC-SP), integrante da bancada evangélica, que, ao fim do discurso, renunciou à candidatura em favor de Rosso.
“Conversando com a bancada do meu partido, resolvi, nessa tarde, mesmo analisando as demais candidaturas, que nós vamos votar no nome do deputado Rogério Rosso, que entendemos que pode fazer a travessia na nossa Casa”, acrescentou Nascimento.
Em seguida foi a vez do deputado Esperidião Amin (PP-SC). Segundo ele, é preciso devolver ao povo brasileiro o “orgulho do Parlamento”. Para Amin, a disputa para a presidência terá como desafio devolver o diálogo e a convivência harmoniosa entre os deputados. Se eu pudesse resumir em um única palavra, seria a convivência em paz com os diferentes, com aqueles que pensam diferente da gente. Vejos nessa diferença de pensamento uma contribuição a possibilidade de aprendizado.”
O último a discursar foi Orlando Silva (PCdoB-SP), candidato da oposição, ao lado de Luiza Erundina. Em seu discurso, Silva disse que a crise econômica foi potencializada pela crise politica e que a Câmara deveria agir para a retomada do crescimento.
“Há uma repercussão imediata da crise econômica sobre a vida do povo e a Câmara deveria todos os dias refletir sobre o que podemos fazer para enfrentar essa crise.”
Silva disse ainda que o deputado afastado e ex-presidente da Casa Eduardo Cunha (PMDB-RJ) foi um dos responsáveis pela crise da Câmara. “Hoje, voltamos às urnas para eleger um presidente, porque, felizmente, apesar da demora, o presidente réu foi afastado”, disse Silva.
Ele lembrou as diferentes manobras de Cunha no comando da Casa. “Não havia prerrogativa de se exercer a condição de oposição. Sempre que ele perdia, mandava votar de novo. Não havia regimento, não havia Câmara”, afirmou.
Segundo o deputado, a crise no parlamento foi agravada após a admissibilidade do processo de impeachment da presidenta afastada Dilma Rousseff.
“Essa eleição é expressão de uma das mais profundas crises políticas que o pais já viu. Essa crise politica grave do Brasil é potencializada porque quebramos a ordem institucional do pais quando esse plenário votou pelo afastamento da presidenta Dilma Rousseff.”
Para o deputado, a próxima presidência tem de garantir a convivência pacífica entre governo e oposição. “Temos de restabelecer o funcionamento normal da Casa e isto só acontecerá respeitando-se os direitos das minorias”, concluiu.