Para o grupo, que também cobiça o posto, a articulação pode inviabilizar a governabilidade de Maia na Câmara e, assim, prejudicar a pauta de interesse do governo Michel Temer (PMDB)
Lideranças do Centrão – grupo de 13 partidos liderado por PP, PSD e PTB – criticaram nesta sexta-feira (7/10), o movimento de aliados do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para viabilizar a reeleição dele ao comando da Casa em 2017. Para o grupo, que também cobiça o posto, a articulação pode inviabilizar a governabilidade de Maia na Câmara e, assim, prejudicar a pauta de interesse do governo Michel Temer (PMDB).
Como mostrou o Broadcast Político, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado, aliados de Maia articulam a apresentação de uma consulta à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), com base em pareceres de juristas renomados, para saber se um presidente eleito para um mandato-tampão pode disputar a reeleição. Em julho, Maia foi eleito presidente da Casa para um mandato de oito meses, após o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) renunciar ao cargo. Na disputa, ele derrotou um candidato do Centrão.
“É direito dele tentar, mas ele está querendo avançar na regra. É um casuísmo que não cabe”, afirmou o líder do PTB na Câmara, deputado Jovair Arantes (GO), um dos nomes do Centrão cotados para disputar a presidência da Casa em fevereiro de 2017. Para oparlamentar, não é prudente tentar permitir a reeleição dentro do mesmo mandato agora. “Na medida em que estamos discutindo isso, acaba tirando o foco das reformas que o governo quer aprovar”. Arantes acusou ainda o presidente da Câmara de estar por trás da articulação.
“É aquela máxima do sapo e do fogo”, diz o líder. Ele se referia aos estudos que mostram que um sapo colocado em um recipiente com a mesma água da lagoa em que vive não reage ao gradual aumento de temperatura, enquanto outro sapo jogado no recipiente com água já fervendo salta imediatamente para fora.” Outros deputados do Centrão também avaliam que Maia sabe do movimento. “É tudo orquestrado por ele”, diz um influenteparlamentar do grupo. Para outro deputado do grupo, o presidente da Câmara precisa “tomar cuidado” para não perder a condição de governar a Casa com essa articulação.
“Tudo que ele dizer vai parecer que é nessa linha (de querer se reeleger)”, afirma esseparlamentar. Nome do Centrão derrotado por Maia na última eleição e cotado para disputar novamente a presidência da Câmara em 2017, o líder do PSD, Rogério Rosso (DF), diz não ter nenhuma dificuldade em discutir reeleição para Mesa Diretora da Câmara, mas cobra cautela. “É preciso ter cautela para não criar divergências na base e não tirar o foco do que é mais importante no momento, que são os ajustes econômicos e fiscais que o Brasil precisa”, afirma.
O líder do governo na Câmara, deputado André Moura (PSC-SE), vai na mesma linha que Rosso. “Se regimentalmente for permitido, é legítima a consulta dos aliados. Aliados são para isso mesmo. O que não se pode é deixar que a disputa interna contamine a pauta do governo”, diz o parlamentar, que trava uma disputa de força e influência junto ao governo com Maia, nos bastidores da Câmara. Rodrigo Maia negou que esteja envolvido no movimento para viabilizar sua reeleição ao comando da Câmara e que queria disputar reeleição. “Não quero disputar reeleição. Quero aprovar a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) do teto (de gastos públicos da União). Marcar meu mandato pela travessia”, afirmou. “Quem inventou isso pode ter certeza de que não está agradando”, acrescentou.