Uma nova manobra para favorecer o deputado André Vargas (sem partido-PR) ameaça protelar o processo que pede a cassação dos direitos políticos do ex-petista, investigado por manter relações com o doleiro Alberto Youssef. Apresentado ontem pelo deputado José Mentor (PT-SP), o novo parecer contraria o relatório do deputado Sergio Zveiter (PSD-RJ) e demanda que o processo retorne ao Conselho de Ética para “concluir” a tramitação. A movimentação que pode beneficiar Vargas ocorre um dia depois de ele ter feito lobby na reunião da executiva nacional do PT, em Brasília.
Por falta de quórum, o relatório nem sequer chegou a ser lido na sessão da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) de ontem. Alguns parlamentares petistas estiveram na sala da reunião, mas não marcaram presença no painel, que contou com 22 deputados registrados. Eram necessários pelo menos 34 para deliberar os dois pareceres.
Responsável pelo pedido de vista da semana passada, José Mentor colocou em xeque a tramitação do julgamento pelo Conselho de Ética. A comissão não julga o mérito do processo (se deve ou não ser cassado), mas analisa a tramitação dele. “Não está em jogo o conteúdo do que foi apreciado, mas houve falha, e a CCJ tem que corrigir isso”, defendeu.
No voto, Mentor ressaltou alguns pontos que considerou falhos no julgamento do Conselho de Ética. Se o parecer de Zveiter for derrubado, a comissão precisa votar o relatório de Mentor. Se a nova proposta for aprovada, o processo volta ao conselho para outra investigação. Para o presidente do Conselho de Ética, Ricardo Izar (PSD-SP), não há razões para contestar o julgamento de Vargas, “uma vez que todos os prazos foram respeitados”.