Gabriela Ribeiro
Especial para o Correio
Com críticas aos trabalhos da CPI do Futebol, a Câmara dos Deputados instalou ontem investigações paralelas às do Senado. Denominada “CPI da Fifa e CBF”, a nova comissão parlamentar de inquérito tem prazo inicial de 120 dias.
Relator da antiga CPI da Nike, em 2001, o deputado Silvio Torres (PSDB-SP) criticou a comissão que está em andamento. “A CPI do Senado foi esvaziada. Levaram um convidado internacional e não tinha nem dois senadores para ouvi-lo. Poderia ter uma repercussão muito maior”, apontou Torres.
Entre os parlamentares, a ideia inicial era de uma comissão mista entre senadores e deputados, mas a CPI do Senado andou mais rápido e foi criada quase oito meses antes. “Acho que, por causa de vaidade, não foi possível fazer um trabalho conjunto”, lamentou o deputado Goulart (PSD-SP).
Por ser presidente da Federação Amapaense de Futebol, o deputado Roberto Goes (PP-AP) foi um dos convocados para depor no ano passado. Aliado de Del Nero, não gostou da condução dos depoimentos. “Acompanhei sessões da CPI do Futebol com o presidente, senador Romário (PSB-RJ), e vi muitas vezes ele totalmente desequilibrado, usando de questões pessoais para atacar pessoas que foram convidadas”, reclamou Goes.
Apesar das ressalvas, a comissão na Câmara deve ser pautada a partir do que já foi analisado pelo Senado. Os deputados prometem pedir o compartilhamento de informações e, por meio dos dados, elaborar um plano de trabalho.
Para relembrar o motivo da existência da CPI, o relator Fernando Monteiro (PP-PI) recorreu à popularidade do esporte. “Depois do impeachment, o futebol é o assunto mais comentado da casa”, justificou. Monteiro segue a mesma linha do Senado, de que o Congresso Nacional precisa promover melhorias no âmbito esportivo. “A ideia não é uma caça às bruxas ou demonizar instituições”, afirmou o deputado, apesar de a comissão carregar o nome das duas entidades máximas do futebol.