NATÁLIA LAMBERT
JULIA CHAIB
HELENA MADER
Muitos desconhecidos nacionalmente, deputados do chamado baixo clero aproveitaram os 10 segundos de visibilidade ao microfone na sessão sobre a admissibilidade do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff para externar os mais variados sentimentos. As expressões: “Por Deus”, “pelo país”, “pelo meu estado” e “pela minha família” estiveram presentes na maioria dos votos.
Logo na primeira parte da votação, o deputado Sérgio Moraes (PTB-RS) aproveitou a oportunidade para felicitar a neta. “Feliz aniversário, Ana, minha neta”, bradou o parlamentar ao fim do discurso. Pouco antes, em tom religioso, o deputado Ronaldo Nogueira (PMDB-RS) votou “pelos fundamentos do cristianismo”, respectivamente. E, com uma ideia inusitada, o deputado Ronaldo Fonseca (Pros) declarou sim ao impedimento da presidente Dilma “pela paz de Jerusalém”.
Representante do Pará, o deputado Éder Mauro (PSD) votou favorável à admissibilidade. “Querem destruir a família com a proposta para crianças trocarem de sexo nas escolas”, afirmou. Exaltado, Glauber Braga (PSol-RJ) usou o espaço para agredir o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB/RJ): “A sua cadeira cheira a enxofre”.
Outros optaram por homenagear carreiras e categorias específicas. Dilceu Sperafico (PP-PR) votou pelos “produtores rurais”, Jhonatan de Jesus (PRB-RR) citou os “médicos do Brasil” e Lucas Vergílio (SD-GO), “por todos os corretores de seguro do país”.
Sempre protagonista de discursos inflamados e irônicos, o deputado Paulo Pereira da Silva (SD-SP), o Paulinho da Força, se declarou favorável ao impeachment “pelo fim da boquinha do PT”. E o deputado Cabo Sabino (PR-CE) gritou que Dilma está sendo demitida sem aviso-prévio, assim como 10 milhões de brasileiros. “Tchau, querida”, afirmou.