Temer começa a escalar os nomes que vão comandar as propostas do governo no parlamento. Rodrigo Maia, do DEM, é o favorito na Câmara
Paulo de Tarso Lyra
Naira Trindade
No alinhamento de forças para governar o país, o presidente em exercício, Michel Temer, contará com uma tropa de choque no Congresso. Parlamentares afinados com os novos ministros ajudarão na tarefa de aprovar propostas no legislativo. Os próximos dias serão decisivos para a escolha dos novos líderes de governo na Câmara e no Senado. Favorito, o nome do deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) deverá superar a indicação de André Moura (PSC-SE), sugerido pelo presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Pessoalmente, Temer prefere o nome de Rodrigo Maia. Seria uma forma de agradar o DEM, legenda importante na composição de forças na Casa. Cunha, mesmo afastado, ainda aposta em Moura. Mas ele perde espaço, já que tudo o que o novo governo não quer é ter a imagem atrelada ao presidente afastado da Câmara. “O Cunha está praticamente em prisão domiciliar. Você ser classificado como aliado dele é uma sentença de morte nos dias atuais”, disse um importante interlocutor do PMDB.
O presidente em exercício quer resolver de maneira mais rápida a situação da Câmara porque é lá que os projetos começam a tramitar. Ele ainda precisará resolver a sucessão de Cunha. Neste primeiro instante, Temer não poderá se envolver, até porque há dúvidas se Waldir Maranhão (PP-MA) pode ou não permanecer no posto.
No Senado, as apostas estão mais amplas. Como, em tese, é uma Casa revisora, e Temer conseguiu, aparentemente, aparar as arestas com Renan Calheiros (PMDB-AL), o presidente em exercício se dá ao luxo de definir as coisas com mais calma. Entre as frentes de cotados, já apareceram sugestões como o de Valdir Raupp (PMDB-RO), Moka (PMDB-MS) e Eunício Oliveira (PMDB-CE), que acumularia com a liderança do partido no Senado. Em outra frente, aparecem também os nomes de Ronaldo Caiado (DEM-GO), Ana Amélia (PP-RS), Agripino (DEM-RN) e Aloysio Nunes (PSDB-SP).
Ascendência
Para ocupar a vaga de líder do PMDB na Câmara desocupada pelo novo ministro do Esporte, Leonardo Picciani (PMDB-RJ), a escolha será pelo deputado federal Baleia Rossi (PMDB-SP). Afilhado de Temer, Baleia é filho do ex-ministro da Agricultura Wagner Rossi. Também deve ganhar espaço no governo Temer o então presidente da comissão especial do impeachment, Rogério Rosso (PSD-DF). Ex-aliado do governo da presidente Dilma Rousseff, o líder do PSD é um dos cotados para concorrer à presidência da Câmara no ano que vem ou agora, caso a Mesa Diretora decida pela antecipação das eleições.
Temer assegurou, em diversas entrevistas e conversas informais, que privilegiará as conversas institucionais. Com isso, os nomes dos líderes partidários na Câmara e no Senado e os presidentes dos partidos que tenham mandato parlamentar ganham ascendência sobre os demais. Particularmente, surge o nome do presidente nacional do PPS, deputado Roberto Freire (PE). Temer e equipe aprovaram o desprendimento do socialista ao abrir mão do Ministério da Cultura para que o peemedebista pudesse fundir pastas e diminuir a Esplanada.
Além dos presidentes partidários no Senado, Temer também contará com a colaboração do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE). O tucano cearense chegou a ser convidado para o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, que acabou ficando com o PRB, do pastor Marcos Pereira. Tasso é um político com bom trânsito no setor empresarial, considerado fundamental por Temer para reverter as desconfianças de que o Brasil é capaz de retomar a rota do crescimento.
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Quantidade de ministérios na Esplanada montada por Michel Temer
A tropa de choque// Quem são os parlamentares que o governo Temer conta para aprovar as propostas no Congresso
CÂMARA
Rogério Rosso (PSD-DF)
» Líder do PSD e presidente da comissão do impeachment, Rosso é um dos cotados para concorrer à Presidência da Câmara no ano que vem. Ou se as eleições para a Mesa Diretora forem antecipadas, caso Waldir Maranhão deixe o cargo
Antonio Imbassahy (PSDB-BA)
» Líder do PSDB, é especulado como um dos possíveis líderes do governo na Casa, embora tenha poucas chances nessa disputa
Baleia Rossi (PMDB-SP)
» Filho do ex-ministro da Agricultura Wagner Rossi, afilhado de Temer, será eleito líder do partido na Câmara após a nomeação de Leonardo Picciani para o Ministério do Esporte
Rodrigo Maia (DEM-RJ)
» É o nome que Temer prefere para ser líder do governo na Casa
André Moura (PSC-SE)
» É o nome que o presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha, gostaria de ver com líder do governo
Roberto Freire (PPS-SP)
» Presidente nacional do PPS, cresceu em prestígio após abrir mão da Cultura para permitir o enxugamento do número de ministérios
Jovair Arantes (PTB-GO)
» Relator do processo de impeachment na Câmara, quer ser presidente da Casa após a saída de Eduardo Cunha
Paulo Pereira da Silva (SD-SP)
» Presidente da Força Sindical, o deputado é o elo do governo Temer com os trabalhadores SENADO
Aécio Neves (PSDB-MG)
» Um dos mais animados interlocutores de Temer na cerimônia de posse, o tucano mineiro será importante para ditar o apoio do PSDB às propostas do governo que tramitam na Casa e no Congresso
Renan Calheiros (PMDB-AL)
» Aliado até a última hora da presidente Dilma Rousseff, Renan é fundamental para definir o ritmo de tramitação das matérias de interesse do novo governo, no Senado e no Congresso
Eunício Oliveira (PMDB-CE)
» Embora não seja um aliado de primeira hora do atual governo, tem ligação pessoal com Michel Temer e comanda a maior bancada do Senado
Cássio Cunha Lima (PSDB-PB)
» Líder dos tucanos na Casa, é peça importante no xadrez de apoios
Tasso Jereissatti (PSDB-CE)
» Chegou a ser sondado para o Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio. É fundamental no contato com o setor produtivo
Ronaldo Caiado (DEM-GO)
» Líder do DEM no Senado, tem interlocução privilegiada com o agronegócio
Ciro Nogueira (PP-PI)
» Presidente nacional do PP, indicou ministros para duas pastas fortes. A Agricultura (de quebra, ainda filiou o senador Blairo Maggi) e Saúde (Ricardo Barros)