O PSD, de Kassab, ministro das Cidades, diz que bancada será orientada a votar a favor do impeachment de Dilma. PTB anunciou a mesma decisão
» MARCELLA FERNANDES
» NAIRA TRINDADE
Um dia após o PP deixar o governo, o PSD, também da base de apoio do Palácio do Planalto, anunciou que vai orientar a bancada na Câmara dos Deputados a votar a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff. A estimativa é de que 30 integrantes concordem com o afastamento. Deputados que votarem a favor do governo, contudo, não serão punidos. A bancada do PTB, com 19 deputados em exercício, anunciou a mesma posição. Já o PDT, com 20 integrantes, fechou questão a favor do Planalto. Na terça-feira, o PRB decidiu apoiar o impeachment.
O número do PSD leva em conta que dois deputados federais licenciados retomariam os postos para votação em plenário. André de Paula é secretário das Cidades em Pernambuco e Reinhold Stephanes, secretário de Administração e da Previdência no Paraná. Com os dois, a bancada chega a 38 integrantes. Os outros oito seriam pró-governo ou indecisos. “Vai ter orientação favorável à admissibilidade (do processo de impeachment), mas respeitando a posição de quem vota contra”, afirmou o líder do PSD, deputado Rogério Rosso (DF).
Presidente da comissão especial do impeachment, Rosso votou na segunda-feira contra o governo, assim como Marcos Montes (MG). No colegiado, Paulo Magalhães (BA) votou contra o impedimento. Rosso negou qualquer pressão sobre o presidente da sigla e ministro das Cidades, Gilberto Kassab. “O ministro respeitou a nossa soberania, como bancada. E a bancada não cobra do ministro Kassab outra posição porque isso é uma decisão do ministro e da executiva. O ministro fica totalmente à vontade”, afirmou.
No PMDB, deputados da bancada de Minas Gerais anunciaram posição a favor do impedimento. Segundo o deputado Leonardo Quintão, seis dos sete integrantes do grupo apoiam a saída da petista. Eles pressionam para que o sétimo integrante, o ministro da Aviação Civil, Mauro Lopes, volte ao cargo de deputado para votar a favor do afastamento. Até o momento, Lopes apoia o governo. “Ele não pode fazer isso com o PMDB e com o Michel (Temer, vice-presidente)”, disse Quintão. O suplente de Lopes é do PT.
O grupo pressiona também para que o líder, Leonardo Picciani (PMDB-RJ), ligado ao Planalto, vote pelo impeachment. “O compromisso dele com o atual governo acaba sábado”, completou Quintão. A bancada se reúne na manhã de hoje para fechar a orientação. Picciani mantém sua posição pró-governo, mas vai orientar, em plenário, de acordo com o que a maioria da bancada decidir. Peemedebistas oposicionistas contabilizam entre 59 e 62 votos pró-impeachment dos 66 titulares.
Após a decisão do PP de abandonar a base do governo, o ministro da Integração Nacional, Gilberto Occhi, entregou ontem sua carta de demissão. Em respeito à decisão da legenda — pela qual Occhi, que não é filiado, foi indicado –, o ministro deixou o cargo. A carta foi entregue ao ministro-chefe do Gabinete da Presidência, Jaques Wagner, porque, no momento em que esteve no Palácio do Planalto, a presidente Dilma Rousseff participava de uma entrevista com jornalistas.
Meia hora depois, a presidente Dilma ligou para o ministro para agradecer a confiança, lamentou o que aconteceu e reafirmou a lealdade. Occhi vai continuar trabalhando até que a demissão seja publicada no Diário Oficial da União. Depois, é esperado que ele se licencie para cuidar da saúde. Occhi é funcionário de carreira da Caixa Econômica Federal e recentemente passou por uma cirurgia por causa de um câncer de próstata. Também funcionário da Caixa, o secretário executivo do Ministério da Integração Nacional, Carlos Vieira, vai assumir interinamente o comando da pasta.
Occhi foi o primeiro do PP a entregar o cargo. Os diretores-gerais do Departamento Nacional de Obras contra a Seca (Dnocs) e da Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco (Codevasf), ambos indicados pela legenda, também devem deixar as pastas.