Correio Braziliense: Manobra na Câmara e derrota no STF

Conselho de Ética aprova abertura de investigação. Supremo rejeita pedido do deputado para adiar julgamento

HÉDIO FERREIRA JÚNIOR
ESPECIAL PARA O CORREIO

Conselho de Ética da Câmara aprovou, por 11 votos a 10, a abertura do inquérito contra o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). O requerimento do relator Marcos Rogério pela admissibilidade do processo foi aprovado depois de um desempate do voto de minerva do presidente do colegiado, José Carlos Araújo (PSD-BA).

Por pressão de integrantes do Conselho, foi retirada a supressão do requerimento que acusa Cunha de recebimento de vantagem indevida. Segundo investigações da Operação Lava-Jato, o deputado teria recebido R$ 5 milhões de propina por venda de navios sonda para a Petrobras. O pedido foi feito pelo deputado Paulo Azi (DEM-BA).

“Não posso dizer que não enfraquece o processo, mas também não está descartado que isso possa ser representado lá na frente das discussões”, avaliou Marcos Rogério.

A decisão é ainda a primeira fase da ação movida contra Cunha por quebra de decoro parlamentar. A representação foi movida pelo PSol e pela Rede depois que Cunha negou ter contas no exterior, o que depois foi comprovado.

O clima foi de comemoração entre os parlamentares que batalhavam pela abertura do processo. A tropa de choque de Cunha até tentou acalorar a discussão durante a votação.

Na tarde de ontem quatro relatórios pedindo o adiamento da votação haviam sido protocolados, mas retirados na retomada da sessão — que começou logo após foi encerrada a ordem do dia no plenário.

Réu na Lava-Jato

Hoje o STF deve decidir se aceita ou não o pedido da Procuradoria-Geral da República de incluir Eduardo Cunha como réu da Operação Lava-Jato. A acusação foi apresentada diante da suspeita de o parlamentar ter recebido propina em contrato de navios-sonda Petrobras. A defesa de Cunha até tentou adiar o julgamento sob o argumento de que dois agravos regimentais ainda não haviam sido analisados pelo ministro Teori Zavascki, que é o relator do processo. O magistrado negou o adiamento e deverá julgar os despachos na sessão desta quarta-feira.

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