Com o fim do recesso parlamentar, legendas terão que acertar os nomes que comandarão as bancadas em 2016
Marcella Fernandes
As bancadas da Câmara dos Deputados terminam de definir nos próximos dias os nomes das lideranças, responsáveis por negociar posições de destaque, como presidência de comissões ou relatorias de propostas de visibilidade. Nos 16 maiores partidos, haverá troca no comando em pelo menos cinco. Entre as legendas da base, o Planalto acompanha as movimentações de olho em possíveis reflexos nas indicações para a comissão especial do impeachment da presidente Dilma Rousseff.
Neste ano, a divisão das comissões permanentes será atrasada devido à decisão do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), de aguardar o julgamento dos recursos a serem apresentados sobre o rito do impeachment no Supremo Tribunal Federal (STF). Somado a isso, os líderes discutem a participação do PMB no comando dos colegiados, uma vez que o partidonão existia nas últimas eleições.
Sigla com maior número de deputados, o PMDB define em 17 de fevereiro se a liderança permanece com Leonardo Picciani (RJ) ou se passa para Hugo Motta (PB). Tanto o carioca, preferido pelo Planalto, quanto o paraibano, apoiado por Cunha, garantiram que contemplarão as divergentes correntes da sigla nas oito vagas da comissão do impeachment, mas não deram detalhes.
A atuação da legenda pode refletir em outros partidos da base, como PP, PR, PTB e PSD. Desses, apenas o PP corre o risco de trocar o atual líder, Eduardo da Fonte (PE), por Aguinaldo Ribeiro (PB), ex-ministro das Cidades no governo Dilma. A recondução de Maurício Quintella Lessa (PR-AL), Rogério Rosso (PSD-DF) e a provável continuidade de Jovair Arantes (PTB-GO) favorecem Cunha. Fragilizado diante das denúncias de corrupção e lavagem de dinheiro — e com a possibilidade de ser afastado do cargo pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o peemedebista mantém uma boa relação com os três.
No PT, o grupo Mensagem ficará com a liderança, a ser decidida até 4 de fevereiro. Cabe saber se será conquistada por Afonso Florence (BA) ou por Paulo Pimenta (RS). O baiano é bem-visto pelo Palácio do Planalto por sua atuação na CPI da Petrobras e pela boa relação com o ministro da Casa Civil, Jaques Wagner. Já o gaúcho foi vice-líder do governo no Congresso e ganhou destaque na defesa da presidente Dilma Rousseff diante da discussão do impeachment. O nome de Reginaldo Lopes (MG) também foi cogitado para o posto, porém, com menor força.
Política econômica
No PRB, Celso Russomano (SP) dá lugar a Márcio Marinho (BA), a fim de se concentrar na disputa pela prefeitura de São Paulo. O PDT trocou Afonso Motta (RS) — líder desde que André Figueiredo assumiu o Ministério das Comunicações em outubro — por Weverton Rocha (MA). Apesar de ser contra o impeachment, o partido tem críticas à política econômica do governo Dilma e a medidas do ajuste.
Na oposição, a liderança do DEM será assumida por Pauderney Avelino (AM) no lugar de Mendonça Filho (PE). No PSDB, o posto de Carlos Sampaio (SP) será ocupado por Antonio Imbassahy (BA), responsável pela função em 2014. No Solidariedade, há chances de Arthur Maia (BA) não ser reconduzido. Já o PPS, hoje sob comando de Rubens Bueno (PR), se reúne na semana que vem para discutir o tema e tratar das indicações para a presidência das comissões permanentes.
Quem é quem
Confira a situação das principais legendas na disputa pela liderança
PMDB
(67 deputados)
O atual líder, Leonardo Picciani (RJ), disputa com Hugo Motta (PB)
PT
(59 deputados)
Sai Sibá Machado (AC) e entra Afonso Florence (BA) ou Paulo Pimenta (RS)
PSDB
(53 deputados)
Carlos Sampaio (SP) será substituído por Antonio Imbassahy (BA)
PP
(40 deputados)
O atual líder, Eduardo da Fonte (PE), disputa com Aguinaldo Ribeiro (PB)
PR
(34 deputados)
Permanece Maurício Quintella Lessa (AL)
PSB
(34 deputados)
Continua Fernando Bezerra Coelho (PE)
PSD
(32 deputados)
O atual líder, Rogério Rosso (DF) segue no cargo
PTB
(22 deputados)
Jovair Arantes (GO) deve ser reconduzido