Correio Braziliense | Eixo capital

Ana maria campo / anacampos.df@dabr.com.br

Briga na família Niemeyer

A genialidade de Oscar Niemeyer continua provocando polêmicas familiares. Genro e representante do escritório do ícone de Brasília, o arquiteto Carlos Magalhães (foto) descascou, nas redes sociais, um dos bisnetos de Niemeyer que vem surfando no sobrenome famoso com o design de móveis inspirados em sua obra. Conhecido por não ter papas na língua, Magalhães alfinetou: “Na verdade é o bisneto que pensa e age como se bastasse o sobrenome e marketing para passar como herdeiro do talento do mestre. As miniaturas não são boas e o tamborete Catedral é péssimo, desrespeitoso, e logo me fez lembrar um artesão do extremo sul da Bahia que tinha na sua banca a Catedral de Brasília, tratada como se fosse uma gaiola, prendendo um casal de periquitos”. O alvo é Paulo Sérgio Niemeyer, um dos netos da galerista Anna Maria, a única filha de Oscar Niemeyer, com quem Magalhães foi casado. Ela morreu em 2012.

Bancada do Uber desfalcada

Os defensores da regulamentação do Uber sem limitações terão uma perda nesta semana que desequilibra o placar. A deputada Liliane Roriz (PTB) recebeu recomendações médicas para não participar das votações até se restabelecer totalmente de uma cirurgia na vesícula. Na última quinta-feira, ela desobedeceu a orientação e foi ao plenário votar a favor da implementação dessa modalidade de transporte de passageiros. Liliane daria o 12° voto que decidiria a votação, já que, com o empate, a presidente da Câmara Legislativa, Celina Leão (PPS), votaria a favor do Uber. Sem Liliane, o resultado é 12 a 11 a favor dos taxistas.

Adiamento

Com a provável ausência de Liliane Roriz (PTB) no plenário, a presidente da Câmara Legislativa, Celina Leão, deverá deixar a votação da regulamentação do Uber para o segundo semestre. A não ser que algum dos deputados que defendem restrições, a favor dos taxistas, mude de opinião.

Testando o serviço

O debate sobre a regulamentação do Uber mobilizou deputados distritais. Um dos entusiastas do modelo de transporte que dá ao cidadão liberdade para avaliar o serviço, o deputado Robério Negreiros (PSDB) gravou um vídeo e postou nas redes sociais, com imagens de uma viagem, com a família, de Uber X. Ele elogia o serviço e torce pela aprovação do projeto sem as limitações incluídas em emenda, que podem encarecer o transporte e desfigurar o modelo.

Sem pauta

A Câmara Legislativa entra de recesso nesta semana depois de votar a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), sem que nenhum importante projeto do Executivo tenha sido discutido e votado no semestre.

Projeto nacional

Apontado em todas as rodas políticas como possível candidato ao governo do DF nas próximas eleições, o deputado Rogério Rosso (PSD-DF) não trabalha com essa possibilidade. E não é conversa para enganar e se apresentar à disputa no momento que considerar adequado. Rosso já percebeu que pode ter muito mais poder no Congresso, liderando uma bancada de 37 deputados, e atuando de forma discreta, sem despertar inimizades.

Investigação internacional sobre o impeachment

A Lasa (Associação de Estudos Latino-Americanos) aprovou, em seu XXXIV Congresso Internacional, realizado em Nova York, o envio de uma delegação ao Brasil para investigar o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Eles querem confirmar ou descartar a versão do golpe vendida pelos petistas. O grupo virá a Brasília em julho para entrevistar personagens ligados ao caso, analisar documentos e verificar se há respeito às normas constitucionais brasileiras. O relatório não tem valor jurídico, mas pode provocar impacto na opinião pública. A Lasa é a maior associação do mundo para estudos da América Latina.

Um lugar na história

Nenhuma história chamou tanto a atenção do brasiliense nos últimos dois dias do que a notícia de que o menino de 13 anos salvo, em 1977, pelo sargento Silvio Hollembach (foto) num tanque de ariranhas no zoológico de Brasília se tornou suspeito de denúncias graves de corrupção. Hoje, aos 52 anos, Adilson Florêncio da Costa foi preso sob a acusação de participar de desvio de recursos do Postalis, o fundo de pensão dos Correios. Hollembach morreu três dias depois do salvamento e virou herói. Adilson também terá seu lugar na memória de Brasília.

Representante de Temer

Com direito a discurso, o ex-vice-governador Tadeu Filippelli vai representar hoje o presidente em exercício Michel Temer na reunião sobre o Fórum Mundial das Águas, no Itamaraty. Além dele, participam da solenidade o governador Rodrigo Rollemberg e os delegados do evento que será realizado em Brasília em março de 2018. Filippelli diz que está muito à vontade para tratar do tema já que atuou, no governo passado, para viabilizar a escolha de Brasília como sede do Fórum, especialmente numa viagem, em 2012, a Marseille, na França, em que a candidatura foi discutida. Rollemberg pediu a participação de Temer, mas ele viajou a São Paulo.

Voluntários

Em menos de uma semana, quase mil pessoas se inscreveram no Portal do Voluntariado para participar de projetos sociais tocados por ongs ou órgãos do governo. O projeto foi lançado na última terça-feira pela primeira-dama do DF, Márcia Rollemberg, para unir quem quer ajudar a quem trabalha pela sociedade.

So papos

“Mais de 10 pessoas estranhas entraram em minha casa com ordem de busca e apreensão. Trouxeram também uma ordem de prisão preventiva contra o Paulo. Busca e apreensão após quase um ano de início do processo?!”

Gleisi Hoffman, senadora (PT-PR), em nota, sobre a Operação Custo Brasil, que teve como um dos alvos seu marido, o ex-ministro Paulo Bernardo

“Não vejo violação de competência do Supremo porque a imunidade é da senadora. Ela que tem prerrogativa de foro. A imunidade não se comunica ao marido nem ao local em que eles vivem”

Aloysio Nunes Ferrreira, senador (PSDB-SP), sobre a busca e apreensão realizada pela Polícia Federal, com autorização judicial no apartamento do ex-ministro Paulo Bernardo

À QUEIMA-ROUPA

Professor Israel Batista

Deputado distrital (PV)

A Câmara vai chegar a uma conclusão nesta terça-feira no debate sobre a regulamentação do Uber?

Acredito que sim. Já se esgotaram os debates sobre isso. Terça-feira vai a votação de novo e a sociedade espera um resultado.

A Câmara está literalmente dividida em 12 a 12. É a bancada do Uber contra a bancada do taxista?

Exatamente. Foi uma divisão muito impressionante. Me chamou a atenção pela capacidade que a Câmara teve de debater teses. Foi uma discussão de alto nível,

Por que a emenda que restringe o número de carros do Uber prejudica o serviço, no seu entendimento?

Essa emenda diz que o governo vai emitir 1,7 mil licenças para Uber. É o mesmo que transformar o Uber no taxi. É matar a essência do serviço, a regulação por mercado. Por que tem essa divisão tão rigorosa da Câmara? Porque, de um lado, você tem o modelo vigente, monopolista, e, do outro, tem o modelo desafiante, que é o modelo de mercado. O nosso país e o mundo inteiro, nos serviços de taxi, estão acostumados com o modelo monopolista e nós estamos fazendo uma mudança.

Mas essa é uma tendência mundial hoje. O Uber está entrando em todos os mercados em todos os lugares…

Esse aplicativo traz uma evolução, uma nova forma de ver e pior isso é tão polêmico, no Brasil inteiro, no mundo inteiro, de Nova York a Brasília.

Não seria melhor uma regulamentação nacional que pacificasse o tema?

Nós vamos chegar nisso. Mas por enquanto as cidades têm de decidir, porque isso é a construção da decisão nacional. Brasília está dando um passo nessa decisão. O que decidirmos aqui vamos influenciar o país inteiro. É assim que se constrói. Há neste caso o interesse concentrado de uma categoria versus o interesse

difuso de uma sociedade. É isso que está em jogo.

É o corporativismo vencendo o que a maioria da população quer?

Há um interesse corporativo e de pressão muito forte e que historicamente sempre venceu, mas também há um momento de comoção social. É o único momento em que o interesse difuso pode se sobrepor ao da corporação.

A maioria da bancada governista votou pelas restrições ao Uber. O governador Rodrigo Rollemberg se envolveu? Pediu votos?

Não percebi o envolvimento do governador. Acredito que ele esteja esperando a Câmara se posicionar até porque esse é um tema espinhoso, socialmente falando.

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