Ana Maria Campos/anacampos.df@dabr.com.br
Rollemberg ainda é a primeira opção do eleitor
Com a crise financeira e o caos político nacional, analistas avaliam que o antigo grupo rorizista pode voltar com força às disputas eleitorais do Distrito Federal. Mas uma pesquisa da O&P Brasil, a que a coluna teve acesso, aponta que não surgiram até o momento nomes no cenário local com força para virar o quadro atual. Rodrigo Rollemberg (PSB) lidera todos os cenários apresentados ao eleitor no levantamento. O instituto incluiu na pesquisa apenas os nomes lembrados para concorrer ao Palácio do Buriti, em 2018. Dessa forma, embora sejam fortes na política local, os senadores Cristovam Buarque (PPS) e José Antônio Reguffe (sem partido) não foram testados. Concluída em 13 de junho, a pesquisa ouviu mil pessoas, com margem de erro de 3,1 pontos percentuais. Veja os resultados:
Cenário 1
Rodrigo Rollemberg (PSB) 16%
Robson Rodovalho (PP) 11,5%
Érika Kokay (PT) 10,4%
Alberto Fraga (DEM) 10,2%
Rogério Rosso (PSD) 9,5%
Izalci Lucas (PSDB) 5,2%
Tadeu Filippelli (PMDB) 4,6%
Chico Leite (Rede) 4,1%
Renato Rainha 1,9%
Nenhum 24,2%
Indeciso, não sabe ou não respondeu 2,6%
Cenário 2
Rodrigo Rollemberg (PSB) 21,1%
Rogério Rosso (PSD) 13,1%
Chico Leite (Rede) 8,5%
Izalci Lucas (PSDB) 7,0%
Geraldo Magela (PT) 5,8%
Tadeu Filippelli (PMDB) 5,3%
Nenhum 33,9%
Indeciso, não sabe ou não respondeu 5,1%
Cenário 3
Rodrigo Rollemberg (PSB) 18,1%
Rogério Rosso (PSD) 11,6%
Robson Rodovalho (PP) 10,9%
Celina Leão (PPS) 10,8%
Chico Leite (Rede) 6,1%
Izalci Lucas (PSDB) 6,0%
Geraldo Magela (PT) 4,0%
Nenhum 28,4%
Indeciso, não sabe ou não respondeu 4,3%
Fator surpresa
Um dado chama a atenção na pesquisa sobre disputa ao Buriti: entre 24,2% e 33,9% não querem nenhum dos candidatos apresentados. E se surgir uma novidade?
Saúde e segurança pioraram
No sentimento da população, duas áreas consideradas estratégicas estão em situação mais crítica hoje do que no governo passado. Para 78,7% da população, a saúde piorou. No caso da segurança pública, metade dos moradores da capital acha que a criminalidade avançou. O percentual registrado foi de 50,1%. A surpresa é a área de mobilidade. Para 22,8%, o transporte melhorou. Foi o maior índice positivo entre os setores pesquisados.
Derrota para Lula
A pesquisa O&P Brasil indica que o ex-presidente Lula não tem vez no Distrito Federal. Se a eleição fosse hoje, o líder petista perderia no segundo turno para todos os candidatos apresentados, segundo a avaliação dos eleitores da capital do país. Numa eventual disputa com Marina Silva (Rede), o resultado seria 54,4% contra 19%, para Lula. Outros 25,8% não souberam responder. No páreo com o tucano José Serra, Lula alcançaria 24,6%, contra 41,1% do senador paulista. Nesse caso, a dúvida foi maior: 34,5% não escolheram nenhum dos dois.
Estrela chamuscada
Depois de quatro anos do governo de Agnelo e um impeachment contra a presidente Dilma, o petismo na capital parece ter chegado ao momento de maior rejeição de sua história. Na pesquisa O&P Brasil, apenas 7,7% dos entrevistados declararam simpatia ao partido da estrela vermelha. Quase metade (43,1%) da população apontou rejeição forte ao PT.
Ficha-limpa para homenagens
O deputado Roosevelt Vilela (PSB) quer criar uma espécie de regra da ficha-limpa para homenagens a personalidades no Distrito Federal. Projeto de iniciativa do distrital proíbe a concessão de qualquer honraria a pessoas que tenham sido condenadas por ato de improbidade ou crime de corrupção, quando não couberem mais recursos judiciais. Também fica vetado quem tiver praticado tortura, exploração do trabalho escravo ou violação dos direitos humanos.
Mandou bem
O professor de direito Thomas Bustamante levou na esportiva a gafe do advogado José Eduardo Cardozo, que ao citá-lo na defesa da presidente Dilma Rousseff, o chamou de Thomas “Turbando”. “Me lembrou alguns dos carinhosos apelidos que a gente recebe na adolescência”, registrou Bustamante nas redes sociais.
Mandou mal
Mais um integrante do primeiro escalão da equipe do presidente Michel Temer deixou o cargo. Já são três. Henrique Eduardo Alves pediu demissão do Ministério do Turismo depois de ser denunciado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, por crimes de lavagem de dinheiro e evasão de divisas em razão de conta que ele teria na Suíça.
Enquanto isso… Na sala de Justiça
O ministro Bruno Dantas, do Tribunal de Contas da União (TCU), coordena amanhã debate sobre soluções para o excesso de processos em tramitação no país. Participam do seminário o ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Villas Bôas Cuevas, do Superior Tribunal de Justiça, Fábio Medina Osório, advogado-geral da União, Moreira Franco, secretário de Parcerias de Investimentos da Presidência da República, o procurador-geral de Justiça do DF, Leonardo Bessa, além de jornalistas e professores na área. Será no auditório Ministro Pereira Lira, no térreo do edifício-sede do TCU.
Sucessor no PTB
Da prisão em Curitiba, Gim Argello tenta manter o poder no PTB. Depois de ser pressionado a deixar a presidência do partido e a se desfiliar, o exsenador tenta emplacar no comando da legenda Jafé Torres, grão-mestre da instituição maçônica Grande Oriente. Membro da executiva regional do PTB, Torres também já viveu seus infortúnios. Em 2012, durante a Operação Firewall, da Delegacia de Combate ao Crime Organizado (Deco), ele chegou a ter a prisão preventiva decretada pela Justiça por suposto envolvimento em desvios de recursos da Secretaria de Ciência e Tecnologia para a Fundação Gonçalves Lêdo.
Parceria
Numa iniciativa para aprimorar as regras de compliance e proteção a crimes cibernéticos, policiais federais vão promover, em julho, cursos para funcionários da Cartão BRB. A parceria foi fechada pelo presidente da empresa, Ralil Salomão, com o delegado Carlos Eduardo Sobral, presidente da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF).
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Só papos
“Ele, com esses pedidos de prisão, extrapolou o limite do ridículo. Isso é muito ruim para a República, que precisa ter poderes independentes e harmônicos”
Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado, sobre os pedidos de prisão do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, contra o próprio Renan, o senador Romero Jucá (PMDB-RR), o ex-presidente José Sarney e o presidente da Câmara afastado, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
“No momento em que um membro do Ministério Público move o sistema de Justiça para responsabilizar faltosos, é natural a reação adversa dos chamados a se explicar”
Texto da nota assinada pela Associação Nacional dos Procuradores da República e outras entidades que representam procuradores e promotores em todo o país, em defesa do procurador-geral da República, Rodrigo Janot
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À QUEIMA-ROUPA
Laerte Bessa, Deputado federal (PR-DF)
Os sindicatos que representam policiais civis reclamam do baixo efetivo. O senhor foi diretor da Polícia Civil por quase oito anos. Pode dizer o que provocou esse deficit de pessoal?
Na minha época, existia respeito à Polícia Civil. O governador (Roriz) tinha a segurança, a saúde e a educação como prioridades. Isso não existe hoje. Hoje a Polícia Civil está sem recursos e pedindo socorro. Nossos policiais estão se matando nas delegacias para dar conta do serviço. O DF cresceu demais, há mais crimes e o quadro de pessoal que é de 40 anos sequer está sendo reposto.
Como contratar novos delegados e agentes se existe um risco de o governo não conseguir fechar o ano por conta da dificuldade financeira do DF?
Acredito que há deficit, mas a segurança pública é mantida pelo Fundo Constitucional. O dinheiro vem da União. São R$ 14 bilhões. O fundo foi criado para manter a segurança pública e excepcionalmente a saúde e educação. Mas o GDF não está mantendo a segurança. Há má gestão. Rollemberg se esconde atrás de uma pseudo-dívida para responder a população com evasivas.
O senhor esteve com o presidente em exercício Michel Temer para tratar de reajuste para a área de segurança. Ele prometeu ajudar?
Sim, mas nós dependemos do governador para encaminhar as mensagens com reajustes ao Congresso. A partir do momento em que a Polícia Federal encaminhar a sua mensagem com aumento, a Polícia Civil tem que ter também. Historicamente, há uma isonomia entre as carreiras. E a Polícia Militar e os Bombeiros não podem ficar de fora. Espero que o governador tenha boa-vontade.
A Polícia Civil do DF já teve o maior salário do país. Hoje está em sexto lugar. O que houve?
Depois de Roriz, a prioridade na segurança foi decaindo. Começou no governo Arruda, passou pela gestão do PT e agora continua a mesma política. Rollemberg já demonstrou em várias ocasiões que não gosta da Polícia Civil. Nem da Polícia Militar.
Acredita na volta do grupo rorizista ao poder?
Aqui no DF, o povo já entendeu que o PT é nocivo. Depois de Agnelo e Rollemberg, o povo aprendeu. Nós temos que eleger pessoas com compromisso com a cidade. É o caso do (Tadeu) Filippelli, (Alberto) Fraga, Jofran (Frejai) e do (Rogério) Rosso. Esse grupo vem forte para as próximas eleições. Rollemberg é um petista camuflado.
Sobre a crise política nacional, o senhor havia dito que, depois do impeachment da presidente Dilma, seria a hora de ir atrás do presidente da Câmara, Eduardo Cunha. Mas no Conselho de Ética, o senhor votou a favor dele. Pode explicar essa posição?
Naquela época, era Cunha ou o PT. Fico com Cunha. Fui um dos políticos que mais o importunou para que levasse o impeachment ao plenário. A gente precisava tirar o governo do PT do nosso país. Um dia ele me ligou para dizer que levaria adiante, em nome do povo brasileiro. Desde esse dia, eu disse que estaria com ele. Não sou homem de duas palavras.
Mas e os crimes que pesam contra Eduardo Cunha?
Estamos apurando se ele tem conta na Suíça. Estamos apurando se ele mentiu ou não. E se ele mentiu, ainda assim, não era caso de cassação porque o que tem de mentira ali… Todo mundo mente lá dentro.
Se for cassar todo mundo que mente, não sobra ninguém?
Não sobra ninguém.