Ana maria campos
anacampos.df@dabr.com.br
Um partido abatido pela Lava-Jato Sem o poder do Palácio do Planalto e com o discurso da ética e da fiscalização dos gastos públicos abatido pela Lava-Jato, petistas de Brasília viverão tempos difíceis. A saída para a sobrevivência política de quem faz campanha com a estrela do PT será uma contundente postura de oposição a Michel Temer. Uma aposta no insucesso do peemedebista. Foi na forte crítica a adversários que o partido surgiu e cresceu em todo o país e também no Distrito Federal. Mas aqui a batalha não vai ser fácil. O PT está sem estrutura e não formou representantes para uma virada pela renovação. Para piorar, a maioria do eleitorado da capital quer o impeachment, como demonstraram pesquisas de opinião, e tem uma grande rejeição ao PT, alimentada pelo desgaste dos governos de Dilma Rousseff e de Agnelo Queiroz. Com tantos problemas, o PT pode encolher nas próximas eleições.
Uma nova relação com o DF
Políticos de Brasília avaliam que a interlocução com Michel Temer para assuntos relacionados ao Distrito Federal será bem mais direta do que tem sido com a presidente Dilma Rousseff. O peemedebista vive na capital há mais de 20 anos e tem uma relação mais próxima com os parlamentares da cidade. Entre os integrantes da bancada na Câmara, Temer dialoga bem com os deputados Alberto Fraga (DEM), Laerte Bessa (PR) e Rogério Rosso (PSD), ex-filiados ao PMDB. Entre os oito deputados do DF, sete declararam voto pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff. São críticos ao PT. No Senado, também não haverá dificuldade, por ora. Nesse momento de formação do novo governo, o senador Cristovam Buarque (PPS) já esteve com Temer e Hélio José é do PMDB. A avaliação entre parlamentares do DF é de que Dilma olha para o DF com frieza. Ela nunca perdoou o apoio do governador Rodrigo Rollemberg (PSB) ao tucano Aécio Neves (PSDB) no segundo turno da última eleição.
Ao lado do poder
No novo governo que surgirá com a abertura do processo de impeachment de Dilma Rousseff no Senado, o presidente do PMDB-DF, Tadeu Filippelli, será assessor especial do presidente da República em exercício, Michel Temer. A aliança entre os dois é forte, mas o político de Brasília não pleiteou nenhum cargo em diretoria de estatal ou na Esplanada dos Ministérios. Prefere ficar perto do poder no Palácio do Planalto e se cacifar como o principal interlocutor para assuntos relacionados ao Distrito Federal. Com planos de construir uma candidatura ao Palácio do Buriti em 2018, Filippelli não quer correr o risco de assumir cargo no Executivo em que suas ações possam ser questionadas pelo Ministério Público ou por outros órgãos de controle. Também prefere ter tempo para circular e fazer política. O cargo no Planalto ainda facilita a vida de Temer, que precisa atender ao Congresso com um ministério a ser reduzido.
Presente de aniversário
No dia em que o Senado votou a admissibilidade do processo de impeachment de Dilma Rousseff, Tadeu Filippelli completou 67 anos. A quem brincava que o ex-vice-governador do DF ganhou um presente de aniversário, ele disse: “Estou dividindo com todos os brasileiros”.
“A esquerda envelheceu. Mas continuo com os mesmos sonhos” Senador Cristovam Buarque (PPS-DF), no discurso ontem, em plenário, para defender o voto pela admissibilidade do processo de impeachment De volta ao passado
Depois da aliança com o PT nos quatro anos do governo Agnelo Queiroz, Tadeu Filippelli quer montar um grupo político de oposição ao governador Rodrigo Rollemberg com antigos aliados, aqueles dos tempos dos governos de Joaquim Roriz. Com Michel Temer na Presidência, Filippelli terá a força da estrutura federal para seu projeto de poder. Nessa configuração, a ser construída, o deputado Alberto Fraga (DEM) e o bispo Robson Rodovalho, da Sara Nossa Terra, são os nomes mais cotados para concorrer ao Senado. A candidatura de Rodovalho, fora da política desde 2010, representaria um afago à comunidade evangélica do DF. Mas o senador Hélio José (PMDB) quer concorrer à reeleição.
“O regime no qual o governante pode fazer o que quiser é a ditadura. No Estado democrático de direito, o governante tem o dever de cumprir a legislação vigente no país. Tem que cumprir a LRF e a Lei Orçamentária. Um governo não pode gastar mais do que arrecada. Isso, para mim, é princípio”.
Reguffe (sem partido-DF), senador, durante seu voto em plenário
Novo desembargador nas mãos de Temer
Uma das decisões que Michel Temer tomará na Presidência da República será nomear um integrante do Ministério Público do DF (MPDFT) para vaga de desembargador do Tribunal de Justiça do DF. Seis procuradores se inscreveram para a disputa: Eunice Carvalhido, Eduardo Albuquerque, José Firmo Reis Soub, Vítor Gonçalves e Diaulas Ribeiro, além do promotor Jonas Lemos.
Tema: fiscalização de recursos
No almoço com os empresários que integram o Lide, grupo que discute políticas de desenvolvimento do DF, o presidente do Tribunal de Contas do DF, Renato Rainha, não tratou de política. Nos bastidores, todos comentam a possível candidatura dele ao Buriti, mas ele só falou de fiscalização de recursos públicos na sabatina com representantes do setor produtivo. Entre os que acompanharam o debate, estava o presidente da OAB-DF, Juliano Costa Couto, cujo pai, o conselheiro aposentado Ronaldo Costa Couto, é grande amigo de Rainha.