ANA MARIA CAMPOS/ anacampos.df@dabr.com.br
Rodrigo Rollemberg vai hoje pessoalmente ao procurador-geral de Justiça do DF, Leonardo Bessa, explicar os motivos para a suspensão do reajuste dos servidores públicos. Corre, no entanto, o risco de ouvir de promotores de Justiça que o Executivo não adotou a posição a favor do cancelamento dos aumentos quando o caso foi levado, por iniciativa do Ministério Público do DF (MPDFT), ao Conselho Especial do Tribunal de Justiça do DF. O Executivo preferiu se manifestar a favor dos aumentos. Esse episódio ainda não foi esquecido.
Fogo amigo
Começa no próprio partido de Rodrigo Rollemberg a reação contrária às medidas de ajuste fiscal anunciadas ontem. A executiva regional do PSB antecipou uma reunião, que ocorreria segunda-feira, para discutir as decisões do governador. Nos bastidores, fala-se que vão levantar a questão dos pagamentos de jetons em conselhos. Por que foram poupados?
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Ouvidora
Mariana Perna, nora do deputado Agaciel Maia (PTC), foi nomeada ouvidora da administração regional de Vicente Pires, com salário de R$ 5.855,82. O ato está publicado no Diário Oficial de 11 de setembro. Com certeza, a mulher do filho do distrital que preside a Comissão de Economia, Orçamento e Finanças (CEOF) terá muito o que fazer na função: ouvir reclamações.
Que risco…
Nos bastidores, o comentário em tom de brincadeira ontem era de que, com tantos aumentos, Rodrigo Rollemberg só não reajustou o preço da entrada da Água Mineral porque o parque ecológico é área de conservação federal. Com os ajustes da Dilma, aliás, nem é bom dar a ideia.
Suspense
A fusão de secretarias instaurou o medo e o descontentamento entre integrantes do primeiro escalão do governo. Rodrigo Rollemberg disse que tomará as decisões sobre a reforma administrativa nos próximos 15 dias. Serão duas semanas de suspense. E negociações.
Medidas estruturantes
A avaliação de especialistas em gestão pública, consultados pela coluna, é de que apenas com reformas estruturantes Rollemberg conseguirá sair do fundo do poço. Cortes e aumentos de impostos e tarifas são considerados medidas paliativas. Para equilibrar as contas públicas, o governador terá de olhar para o sistema de transporte público, incluindo a concessão do metrô, que é deficitário, promover parcerias público-privadas e encontrar um modelo que reduza os custos dos hospitais, sem comprometer a qualidade.
Perguntar ofende?
Na entrevista coletiva de ontem no Palácio do Buriti, a equipe do governador Rodrigo Rollemberg preparou um material super detalhado para explicar o rombo, com gráficos, e a evolução das despesas e receitas ao longo dos últimos nove anos.
Os secretários estavam abertos a explicações.Mas, no momento preparado para esclarecer os números, não faltaram.dúvidas. A organização da coletiva não ajudou jornalistas que estavam lá para entender o rombo.
Ausente
O vice-governador Renato Santana não acompanhou o momento mais importante do governo Rollemberg ontem. O lugar dele chegou a ser reservado na mesa em que os secretários comunicaram as medidas.Mas foi retirado um pouco antes da entrevista coletiva pela equipe do cerimonial do Palácio do Buriti. Santana ficou alheio a todas as discussões.
A PERGUNTA QUE NÃO QUER CALAR..
O pacote amargo anunciado por Rodrigo Rollemberg vai tirar o Governo do Distrito Federal do buraco financeiro e orçamentário?
Mau começo
O líder do PSD na Câmara dos Deputados, Rogério Rosso, bateu boca ontem com o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, durante reunião no Palácio do Planalto. Em discussão, as medidas fiscais anunciadas pela equipe da presidente Dilma Rousseff. O embate foi feio e em tom elevado. Rosso disse que Levy precisa observar que nenhum resultado positivo foi observado desde que ele assumiu a condução da política econômica. E o parlamentar do DF sugeriu que Levy tirasse férias de 30 dias. Levy, por sua vez, apontou que o Congresso é o responsável pelo rebaixamento do Brasil.Mau começo para a aprovação das medidas no Congresso. Rosso lidera uma bancada de 36 deputados.