Correio Braziliense: Brasília-DF

por Denise Rothenburg » deniserothenburg.df@dabr.com.br

Divisor de águas

Os observadores da política tratam a prévia que o PSDB faz hoje para escolher seu candidato a prefeito de São Paulo como o movimento que faltava para que cada ala possa tomar o seu rumo. Há a clara sensação de que o derrotado aproveitará a janela da troca de partido para acessar a porta de saída. Se Ricardo Tripoli perder, se aproximará do PV, para onde irá Mendes Thame, ex-presidente do PSDB estadual. Andrea Matarazzo encostará no PSD, hoje uma espécie de apartamento com duas semi-suítes, ou seja, com acesso tanto para o governo quanto para a oposição. Quanto a João Dória: se for derrotado, mostrará que o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, não tem controle do seu partido. Além, é claro, da humilhação, uma vez que não há muitos registros de governadores derrotados na escolha do candidato a prefeito da capital de seu estado.

Alckmin, entretanto, não terá pressa para deixar o PSDB na hipótese de derrota de Dória. Continuará por ali, de olho na eleição municipal, mas focado no estado. Não moverá uma palha para ajudar Matarazzo.

Precedente

Depois de os Correios afastarem o presidente do Postalis, Antônio Conquista, investigado pela PF depois do rombo de R$ 5 bilhões nas contas, os políticos apostam em mudanças nos outros três fundos de pensão sob a mira da CPI, Funcef (Caixa Econômica), Petros (Petrobras) e Previ (Banco do Brasil). Entretanto, Conquista, que é ligado ao PT, caiu para que a vaga fosse cedida ao PDT do ministro das Comunicações, André Figueiredo.

Dois pesos, não!

Depois da troca do relator do caso Delcídio do Amaral (PT-MS), setores do PMDB ligados ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), vão começar a cobrar ações contra o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Em conversas reservadas, eles comentam que Rodrigo Janot pediu o afastamento de Cunha da Presidência da Casa por uso do cargo para se proteger. Agora Renan faz algo semelhante em relação a Delcídio.

Cunha e seus aliados

Até os fiéis escudeiros do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, acreditam que o cerco começa a se fechar, apesar da capacidade de resistência do comandante da Casa. E, diante disso, ainda que timidamente, começam a se apresentar para substituí-lo. Na roda dos pré-candidatos estão Osmar Serraglio (PMDB-PR), Rogério Rosso (PSD-DF), Milton Monti (PR-SP).

Mais além O que leva os deputados a olharem com carinho essa perspectiva de substituir Eduardo Cunha na Presidência da Câmara é a chance, ainda que remota, de ocupar a Presidência da República. É que, nesse grupo, há quem aposte que, diante das novas revelações dos pagamentos ao marqueteiro João Santana, entrou no radar de muitos oposicionistas a possibilidade de nova eleição para presidente da Casa e, com ela, um mandato de três meses na Presidência da República para quem estiver no comando da Câmara.

Lá e cá

Em 1998, Bill Clinton, então presidente dos Estados Unidos, foi convocado e prestou depoimento no caso Mônica Lewinsky. Por aqui, Lula recorre ao Supremo Tribunal Federal (STF) para não depor aos promotores e à força-tarefa da Lava-Jato.

Repaginado…

Indicado para relatar o processo contra o senador Delcídio do Amaral (PT-MS) no Conselho de Ética da Casa, o senador Petecão (PSD-AC) chegou do carnaval repaginado. Pintou os cabelos e, para completar, fez até peeling.

… E empolgado

Petecão não esconde a animação com o novo visual. Dia desses confessava a um amigo que não aguentava mais o PT do Acre e até brincou: “Se a Globo me convidasse, viraria ator na novela Velho Chico”. Os holofotes que ele terá a seu dispor serão outros. Há quem aposte que ele terá a missão de trabalhar bem devagar no caso Delcídio.

Mantenha distância

Dia desses, numa confraternização da Frente Parlamentar da Agropecuária, alguns parlamentares arregalaram os olhos ao ver o garçom oferecer uma taça de vinho à ministra da Agricultura, Kátia Abreu. Quem ensaiava uma aproximação logo ouvia uma gracinha: “Cuidado, viu? Não provoca nem fala do Serra!”. Risada geral. Sinal de que a história do entrevero entre Kátia e José Serra no ano passado entrou para o anedotário da política.

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