Brasil Econômico – Online: Exportação é caminho para sair da crise, defende empresariado

Dirigentes empresariais apontam que altos impostos e custo da produção são entraves que precisam ser resolvidos no governo

Com um olho na forte crise econômica e política e outro em soluções para que o cenário se torne melhor, o 15º Fórum Empresarial de Foz do Iguaçu promovido pelo Lide – Grupo de Líderes Empresariais – apontou na sexta-feira (22) caminhos para que o País volte ao desenvolvimento. Abertura para negócios com o mercado externo é um dos horizontes apontados.

O anfitrião do evento, empresário e candidato à prefeitura de São Paulo pelo PSDB, João Dória afirma que é hora de olhar para o futuro, “Já estamos na eminência de retirada do governo federal, que foi marcado pela incompetência, e retomarmos o crescimento”, afirmou. Márcio França, vice-governador paulista, lembrou que o Brasil tem apenas 3% do mercado exportador no mundo. “Temos de mexer em tributação, facilitar a burocracia e ter facilidades trabalhistas para quem exporta”, defendeu.

O economista Roberto Gianetti da Fonseca, presidente da Brasilis Comércio Exterior e da Kaduna Consultoria, avaliou que é preciso que o País tenha uma abertura maior para a exportação de manufaturados, que geram empregos no mercado interno para movimentar o consumo e toda a cadeia produtiva. “Recuperar mercado é mais difícil que ganhar mercado”, disse Fonseca, citando a queda nos investimentos desde 2010 e o alto custo da mão de obra no Brasil.

Para isso, no entanto, o economista diz que depende estabilidade da moeda. “Um dos maiores erros é o uso do câmbio como âncora para combater a inflação, sem medir o custo que isso traz em termos de competitividade, exportações e desemprego. Para o Brasil voltar a ter confiabilidade, o câmbio deve deixar de ser uma variável aleatória no combate à inflação”, acrescentou.

Fonseca disse que os acordos de livre comércio precisam ser levados a sério. “É preciso fazer acordo no âmbito do Mercosul e, paralelamente, concluir outro com a União Europeia.” Estados Unidos, México, nações do BRICs, países da Aliança do Pacífico e o Japão – este último o quarto maior importador de alimentos do mundo, também foram citados. Para issoé necessária uma queda de impostos. Segundo dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico ou Econômico (OCDE) , reduções de tributo podem implementar as exportações brasileiras em até 20%.

Pedro Faria, CEO global da BRF, mostrou que o mercado externo é sim uma boa saída para empresários brasileiros. A empresa, que detém marcas como Sadia e Perdigão, está presente em mais de 120 países com 58 fábricas e emprega 105 mil pessoas. “Elegemos quatro caminhos para a BRF: a comida como alimento saudável, a experiência de bem-estar, a conveniência e a consciência ética. Cada um dos mercados em que atuamos tem necessidades diferentes.”

Alto custo

Apesar de ser uma companhia originalmente brasileira, Faria aponta que a mão de obra no exterior é mais barata. Segundo ele, na Tailândia – país com foco de investimentos em plantas industriais da BRF -, o custo da mão de obra é um terço da brasileira.

Presidente da Riachuelo, Flávio Rocha também defendeu que o empresário tenha menos ônus na hora de investir e que para a cadeia produtiva volte a dar resultados, é necessário um Estado mais enxuto e compromissado com a livre iniciativa. “O eleitor brasileiro não é mais súdito. Ele é cidadão. É preciso que o governo haja como um prestador de serviço e preze pela eficiência daquilo que entrega, como se faz na iniciativa privada”, disse.

Já a presidente da Microsoft Brasil Paula Bellizia defendeu o uso da tecnologia para agilizar a produção de empresas e também do poder público. Ela citou como exemplo o trabalho com o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), que eliminou os papéis. “Com um ambiente digital, a produtividade dos magistrados subiu em 50%. A tecnologia é um meio para otimizar produções”, explicou.

A executiva completou sua apresentação dizendo que o investimento em educação e mão de obra qualificada são os caminhos para que o Brasil saia definitivamente da crise. “O País perdeu muitas vagas de trabalho, mas em TI, por exemplo, há 60 mil vagas que precisam ser preenchidas e não tem candidatos. Não há a qualificação”, finalizou.

A mesa debatedora central do Seminário do Fórum Empresarial foi formada também pelo presidente da CPFL, Wilson Ferreira, e teve as presenças senadores Antonio Anastasia (PSDB/MG), Romero Jucá (PMDB/RR), Cássio Cunha Lima (PSDB/PB), José Agripino Maia (DEM/RN); os deputados federais Silvio Torres (PSDB/SP), Onyx Lorenzoni (DEM/RS), Nelson Marchesan Jr. (PSDB/RS), José Sarney Filho (PV/MA), Heráclito Fortes (PSB/PI), Efraim Morais Filho (DEM/PB), Carlos Melles (DEM/MG), Bruno Araújo (PSDB/PE), Antonio Pedro, Indio da Costa (PSD/RJ), Alex Manente (PPS/SP), Luiz Lauro Filho (PSD/SP) e Alfredo Kaefer (PSL/PR); e o secretário de Transportes do Estado de São Paulo, Duarte Nogueira.

O Fórum também teve a participação de 300 CEOs e executivos de empresas brasileiras e os ministros paraguaios Gustavo Leite, do Comércio e Indústria e Marcela Bacigalupo, do turismo.

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