Ricardo Bomfim
Mercado indica mais um dia de alta para a Bolsa em meio ao rali do impeachment SÃO PAULO – O Ibovespa vira para queda nesta quinta-feira (14), em um movimento de correção depois das fortes altas dos últimos dias. Lá fora, as bolsas norte-americanas operam em leves quedas de olho nos resultados trimestrais de instituições financeiras.
Às 11h04 (horário de Brasília), o benchmark da bolsa brasileira caía 0,77%, a 52.781 pontos. Mais cedo, o índice subia refletindo o cenário doméstico, que continua a mostrar uma chance maior de impeachment da presidente Dilma Rousseff. O placar do Estado de S. Paulo mostra que faltam apenas 10 deputados para que a oposição consiga maioria para aprovar o processo (332 de 342), enquanto o da Folha de S. Paulo mostra 308 a favor do impedimento e o Globo fala em 329. No radar, PP, PRB, PSB, PTB e agora o PSD anunciam apoio à destituição.
Já o dólar comercial opera em alta de 0,83% a R$ 3,5084 na venda, enquanto o dólar futuro para maio tem leve alta de 0,04% a R$ 3,518. O câmbio se manteve em alta após o Banco Central vender todos os 80 mil contratos de swap reverso ofertados ao mercado. A venda totalizou US$ 4 bilhões.
No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2017 opera estável a 13,65%, ao passo que o DI para janeiro de 2021 registra perdas de 10 pontos-base a 13,09%.
Cardozo poderá recorrer a STF
A chance do governo recorrer ao STF (Supremo Tribunal Federal) para barrar o impeachment aumentou com a guinada pró-impeachment que vem aparecendo na Câmara dos Deputados. Não à toa, na defesa que apresentou durante a comissão, o advogado geral da União, José Eduardo Cardozo, deu indícios de que com sua argumentação poderia questionar futuramente a validade do processo. Agora, se isso aconteceria antes de sexta-feira (15) ou, em caso de um resultado negativo para Dilma Rousseff, depois da votação do final de semana, ainda não se sabe.
De acordo com El País, os argumentos para recorrer ao STF, tecidos por Cardozo na defesa da presidente, podem ser divididos basicamente em três. O primeiro ponto seria a falta de imparcialidade do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, que teria aberto o processo de impeachment por revanchismo pessoal. O segundo é que não existiria crime de responsabilidade nos dois pontos centrais do relatório aprovado, que falam das pedaladas fiscais de 2015 e dos decretos que autorizaram gastos suplementares. O terceiro defende que a comissão do impeachment feriu o princípio do “direito de defesa” da presidente ao não chama-la para que ela própria pudesse apresentar sua versão dos fatos.
PTB e PSD apoiam impeachment O líder do PSD na Câmara dos Deputados, Rogério Rosso (PSD-DF), disse na noite da última quarta-feira, que seu partido apoia o impeachment da presidente Dilma Rousseff a partir de agora. O líder do partido ainda disse que mais de dois terços dos deputados do PSD apoiam impeachment e que fala pelos parlamentares e não peloministro das Cidades e presidente nacional da sigla, Gilberto Kassab (SP). Segundo ele, seriam cerca de 30 dos 38 votos da sigla a favor do impedimento.
Mais cedo, Wilson Santiago, líder do PTB em exercício na Câmara, confirmou que o partido irá encaminhar voto pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff e que a bancada da sigla tem maioria expressiva pela saída da petista. A bancada do PTB na Câmara dos Deputados conta com 19 parlamentares em exercício e, de acordo com Wilson Filho, 15 se declararam favoráveis ao impeachment da presidente.
Ações em destaque As ações da Petrobras (, R$ 11,75, -0,68%; , R$ 9,37, -1,47%), realizam ganhos recentes e se descolam dos preços do petróleo. O barril do WTI (West Texas Intermediate) sobe 0,53% a US$ 41,98, ao mesmo tempo em que o barril do Brent tinha ganhos de 0,45% a US$ 44,38, com o mercado atento à reunião entre os produtores da commodity do próximo domingo e após a AIE (Agência Internacional de Energia) destacar que pode haver uma redução na produção nos EUA.
No Brasil, a agência prevê que a demanda por petróleo avance ao longo deste ano, porém abaixo do registrado em 2015. De acordo com o relatório mais recente da entidade, divulgado nesta quinta-feira, a demanda do País pela commodity deve ficar em 3,13 milhões de barris por dia em 2016, abaixo dos 3,19 milhões de barris por dia do ano anterior.
As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:
Cód. Ativo Cot R$ % Dia
USIM5
USIMINAS PNA
2,01
-9,46
CSNA3
SID NACIONALON
11,83
-9,14
GOAU4
GERDAU MET PN
2,77
-6,42
BRAP4
BRADESPAR PN
7,58
-6,07
CPLE6
COPEL PNB
28,00
-4,86
Dentro do setor mais pesado no Ibovespa, o financeiro, bancos grandes operam entre perdas e ganhos, corrigindo as altas recentes. Itaú Unibanco (, R$ 33,80, +0,27%), Bradesco (, R$ 32,42, +0,03%; , R$ 29,25, -0,54%) e Banco do Brasil (, R$ 22,27, -0,27%) ficam sem direção. Juntas, as quatro ações respondem por pouco mais de 20% da participação na carteira teórica do nosso benchmark.
Já a Vale (, R$ 18,84, -3,73%; , R$ 14,12, -4,59%) segue a queda do minério de ferro. A commodity spot com 62% de pureza e entrega no porto de Qingdaoteve baixa de 1,82% a US$ 59,38. Além disso, a companhia reflete o corte na sua recomendação de underperform para venda pela CLSA.
As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:
Cód.AtivoCot R$% Dia
RUMO3
RUMO LOG ON
3,69
+11,48
OIBR4
OI PN
1,02
+4,08
SMLE3
SMILES ON
41,74
+3,09
JBSS3
JBS ON
9,46
+3,05
SUZB5
SUZANO PAPELPNA
12,41
+2,90
Planalto procura dissidências
O Palácio do Planalto reuniu ministros e deputados contrários ao pedido de impeachment para discutir a estratégia para arquivar a acusação contra ela. A nova estratégia será discutir diretamente com deputados em vez de procurar bancadas inteiras. Assim, o governo estaria criando dissidências que podem decidir ao seu favor a votação. “Nessa reta final, é deputado por deputado, caso por caso”, afirmou o ministro Ricardo Berzoini, da Secretaria de Governo. Hoje, os “placares” do impeachment foram atualizados: a Folha indica 308 deputados a favor do impeachment, o Estadão 332 e O Globo, 329. Vale destacar a notícia da Folha que já traça um cenário do que Michel Temer pretende fazer caso assuma a presidência. De acordo com o jornal, o vice promete reformas bruscas com mudanças nos ministérios. Já as bolsas europeias oscilam
Bateria de dados da China
Hoje é dia de China. Às 23h saem ao mesmo tempo os dados de PIB (expectativa de avanço de 6,7% no primeiro trimestre de 2016 na comparação anual), produção industrial (economistas esperam 6% de expansão da atividade em março) e vendas do varejo (expectativa de 10,4% de crescimento em março). “Acho que a China vai voltar ao radar”, opina Paulo Gomes, economista-chefe e estrategista da Azimut Brasil Wealth Management que ressalva que o impacto dos dados do país no mercado não serão do mesmo porte daqueles de janeiro. “Se o PIB vier em 6,7%, o mercado tende a encarar com maior normalidade do que fazia antes. O mundo hoje com mais liquidez mostra bancos centrais mais atentos e dispostos a evitar uma desaceleração da economia”, conclui.
Agenda dos EUA
A agenda dos EUA é bastante movimentada nesta sessão, com destaque para os números de auxílio desemprego da semana passada e o índice de preços ao consumidor de março. No caso dos pedidos do benefício, foram 253 mil pedidos na semana passada contra 270 mil esperados.
Os dirigentes do Federal Reserve de Atlanta Dennis Lockhart e o diretor Jerome Powel falam às 11h.
Cenário externo
As bolsas chinesas avançaram para novas máximas em três meses nesta quinta-feira, com os investidores se preparando para uma surpresa positiva em relação aos dados sobre o crescimento econômico da China no primeiro trimestre, que são divulgados na sexta-feira; Xangai subiu 0,52% e Hang Seng 0,85%.
Dados publicados na quarta-feira mostraram que as exportações chinesas voltaram a crescer em março pela primeira vez em nove meses, em um sinal encorajador antes da publicação dos números do Produto Interno Bruto (PIB). Os mercados do restante da região também subiram, atingindo o maior nível em mais de quatro meses. As altas foram lideradas pelo Japão, com o Nikkei subindo 3,23%, com os investidores interpretando a decisão de afrouxamento monetário do banco central de Cingapura como um sinal de mais estímulos nas economias voltadas para o comércio do Sudeste Asiático e de uma trajetória mais amena de aperto monetário nos Estados Unidos nos próximos meses.
As bolsas europeias, por sua vez, viram para alta, com o DAX subindo 0,54%, o FTSE em alta de 0,35% e o CAC 40 avançando 0,31%, em um dia de leve alta para os preços do petróleo.