BRASÍLIA – Já virou rotina. A cada vez que o Conselho de Ética tenta votar o relatório sobre a abertura do processo contra Eduardo Cunha, o correntista suíço arma uma nova jogada para melar a sessão.
Ontem os deputados voltaram a se reunir para discutir o caso. Como de costume, a tropa do presidente da Câmara não deixou. Os cunhistas protelaram o debate até que o chefe abrisse a ordem do dia no plenário. Assim, o conselho teve que encerrar os trabalhos sem votar nada.
Além da manobra de cada dia, o grupo de Cunha lançou duas ofensivas para amordaçar o conselho. Na primeira, trocou mais um integrante do colegiado. É a terceira vez em que isso acontece desde o Carnaval.
Numa atitude incomum, o líder do PSD, Rogério Rosso, abriu mão de uma vaga reservada ao partido. Aliado do presidente da Câmara, ele cedeu a cadeira ao baiano José Carlos Bacelar, do PR, cujo voto é conhecido: pelo arquivamento da denúncia.
A segunda frente foi aberta pelo advogado de Cunha. Ele pediu ao Supremo Tribunal Federal o afastamento do presidente do Conselho de Ética, José Carlos Araújo. O deputado do PSD tem atuado de forma independente e rejeitou todas as pressões para engavetar o caso.
Enquanto o peemedebista continua a ganhar tempo, seus aliados se esforçam para destruir o fiapo de credibilidade que ainda resta ao conselho. Ontem a estrela do circo foi Vinicius Gurgel, do PR. “Isso aqui está virando uma suruba”, disse. “Aqui é tudo fachada de grande fundo de cabaré, é uma suruba isso daqui.”
O presidente Araújo cobrou um “palavreado condizente com o Parlamento”. “Vou tirar dos anais a palavra usada por vossa excelência”, avisou. Gurgel não deu o braço a torcer: “Uma suruba política, presidente!”
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Piada que corria ontem entre no Congresso: em 1992, Collor caiu por uma Fiat Elba. Agora, Dilma pode cair por causa de um Santana…
Bernardo Mello Franco