É ilusório governo apostar em via judicial para barrar impeachment Postado por –> 7
KENNEDY ALENCAR
BRASÍLIA
Além de reforçar o atual ciclo de notícias negativas para o governo, a 26ª fase da Lava Jato, a Xepa, acontece num momento em que há rumores de que executivos da Odebrecht negociam delações premiadas. Nesse contexto, a Xepa, concentrada na Odebrecht, gera mais pressão a favor de colaborações premiadas de integrantes da empresa.
A cada nova fase da Lava Jato, surgem revelações que trazem impacto negativo para o governo Dilma Rousseff. Todos os dias há vazamentos da investigação feita sobre o ex-presidente Lula em Curitiba. Isso mantém aceso o clima de mobilização nas ruas contra o governo.
Agora que o pedido de abertura de processo de impeachment começou a tramitar na Câmara, mais uma fase da Lava Jato joga gasolina na fogueira do impeachment.
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Jogo é político
É ilusório o governo apostar na via judicial para tentar barrar o impeachment da presidente Dilma Rousseff.
O rito do impeachment definido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) deixou muito clara a preponderância do fator político sobre o jurídico. Isso não significa que o jurídico deva ser desprezado, mas o entendimento do que pode ser considerado crime de responsabilidade é amplo. O governo terá pouca margem de manobra jurídica.
A melhor chance que o governo tem é obter votos no plenário da Câmara para barrar o impeachment. Os sinais na comissão que analisa o pedido de abertura de impeachment são preocupantes para Dilma. O presidente da comissão, o deputado Rogério Rosso (PSD-DF), e o relator, Jovair Arantes (PTB-GO), já deram declarações que sinalizaram dificuldade para o governo.
No atual clima político no país, se o Palácio do Planalto apostar suas fichas no STF, corre o risco de quebrar a cara. Os caciques que conhecem o Congresso dizem que, agora, o governo precisa evitar que a oposição reúna 342 votos a favor do impeachment.
Ontem, em reunião no Palácio do Planalto, a presidente e auxiliares chegaram à conclusão de que hoje não sabem se teriam votos para barrar o impeachment. Logo, o governo deveria concentrar suas energias nessa tarefa.