O Globo: Cunha agora quer destituir presidente do Conselho

Peemedebista alega que Araújo adiantou posição; processo não avança na Comissão de Ética

Eduardo Bresciani

O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), está comandando uma ofensiva para tentar tirar o deputado José Carlos Araújo (PSD-BA) da presidência do Conselho de Ética. A defesa de Cunha pediu ao Supremo Tribunal Federal que suspenda o processo a que responde no conselho até que seja decidido um pedido de impedimento de Araújo. Ontem, o colegiado mais uma vez não conseguiu avançar na votação da admissibilidade do processo contra Cunha e tem nova sessão marcada para hoje.

A tentativa de retirar Araújo do cargo começou semana passada com uma questão de ordem do deputado Wellington Roberto (PR-PB) arguindo sua suspeição. Araújo ficou de dar uma resposta, mas não o fez. Ele alegou não ter prazo para responder. O temor dos deputados contrários a Cunha é que os aliados do peemedebista recorram ao vice-presidente da Casa,

Waldir Maranhão (PP-MA), e consigam afastar Araújo do conselho. Foi assim que eles conseguiram destituir Fausto Pinato (PRB-SP) da relatoria, no ano passado.

No pedido feito ao STF, o advogado Marcelo Nobre argumenta que Araújo já adiantou sua posição contra Cunha. Cita entrevista a rádio em que o presidente do conselho diz que, se a ação contra Cunha não for aberta, “o teto vai cair na cabeça da gente”. Menciona também uma reunião de Araújo com o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que já denunciou Cunha ao STF por supostamente ter recebido dinheiro desviado da Petrobras. “Há inúmeras demonstrações de ausência de isenção e imparcialidade na condução dos trabalhos do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, por parte de seu presidente” argumenta a defesa de Cunha.

MUDANÇAS NA COMPOSIÇÃO DO COLEGIADO

A posição de presidente passou a ser fundamental com as mudanças na composição do colegiado. Na semana passada, o PTB trocou Arnaldo Faria de Sá (SP), que vinha votando contra Cunha, por Jozi Araújo (AP), aliada dele. Ontem, o líder do PSD, Rogério Rosso (DF), indicou o deputado João Carlos Bacelar (PR-BA) para a vaga que era de Sérgio Brito (PSD-BA). Bacelar era suplente e já deu votos a favor de Cunha, justamente porque Brito estava ausente por problemas de saúde. Com este cenário, a expectativa é que a votação sobre a admissibilidade fique empatada, com dez votos para cada lado. Assim, o desempate caberia ao presidente. O primeiro vice, Sandro Alex (PPS-PR), porém, também tem votado contra Cunha.

O presidente da Câmara voltou a atacar Araújo ontem, acusando-o de cometer erros propositais para continuar na mídia.

– É como ele tem feito sempre: jogado para a platéia. Criar fato para continuar na mídia. Ele faz questão de errar para continuar na mídia. Para ele, interessa levar o processo por muito tempo – disse Cunha.

Nas duas últimas tentativas que foi provocado, o Supremo preferiu não interferir. Cunha tentou paralisar o processo no conselho para que fizesse uma defesa prévia, enquanto Araújo tentava anular decisão de Maranhão que o obrigou a realizar nova votação do parecer preliminar. Ambos tiveram liminares negadas.

O conselho iniciou ontem a discussão do novo relatório de Marcos Rogério (PDT-RO), pela admissibilidade do processo. A sessão foi suspensa devido ao início de votações no plenário. Nova sessão foi convocada para hoje.

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