Junji Abe: rumo à modernização

Uma sexta-feira de fúria mudou a rotina da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais do Estado de São Paulo (Ceagesp). O protesto contra a cobrança de estacionamento terminou com veículos e prédios incendiados, depredações e confrontos entre seguranças e manifestantes. Cinco pessoas foram feridas, uma delas à bala.

Sou contra a cobrança do estacionamento, mas também não tolero a violência. A Ceagesp não tem mais condições de operar. Além das instalações primitivas, há restrições ao tráfego de caminhões em vias de acesso ao local, como as Marginais Pinheiros e Tietê – com sacrifício certeiro de alimentos perecíveis –, impossibilidade de ampliação e o mais grave: três a quatro vezes por ano, sofre enchentes de grandes proporções. As mercadorias ficam boiando e o que se salva vira risco à saúde dos consumidores, porque a maioria é ingerida in natura.

Passaram-se 54 anos da sua inauguração, e a Ceagesp, na Vila Leopoldina, não recebeu uma única melhoria. Nem quando era administrada pelo Estado. Muito menos quando passou para o governo federal, em troca da amortização de parte da dívida paulista.

É vital e urgente transformar em lei federal o projeto (174/11) que institui o Plano Nacional de Abastecimento de Hortifrutiflorigranjeiros (PlanHort) e fixa normas gerais para os entrepostos públicos de abastecimento alimentar. Como relator da proposta na Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural, tive a aprovação do meu relatório, elaborado com maciça participação de autoridades do governo e lideranças classistas.

Tenho absoluta convicção da necessidade de mergulhar as centrais de abastecimento do país num banho de modernidade, capaz de reverter a assombrosa precariedade que prejudica toda a cadeia produtiva – dos produtores aos consumidores. Defendo as parcerias público-privadas (PPPs) para construção de novos entrepostos públicos, ou adequação, revitalização e ampliação dos existentes.

Cada entreposto deveria ser gerenciado por uma comissão composta por representantes do poder público, dos produtores, dos permissionários, dos comerciantes (atacadistas e varejistas) e dos consumidores.

A ideia é um entreposto moderno, acessível, em local sem restrição à circulação de veículos de carga, com logística apropriada e conexões rápidas com principais rodovias e acessos, além de proximidade ou elo direto com a malha ferroviária. Também precisa ter um sistema operacional transparente para a venda dos produtos, com preços reais. Unidos, podemos mudar a realidade cruel que ameaça o bem-estar do povo brasileiro.

*Junji Abe é deputado federal pelo PSD-SP

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