Folha.com | Poder: Impeachment faz PT romper com aliados em Estados e municípios

Os votos de deputados aliados a favor da abertura do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff na Câmara, no domingo (17), fizeram o PT rever sua política de alianças nos Estados, com impacto nas eleições municipais deste ano.

Os primeiros movimentos de rompimento aconteceram no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Norte. Mas a redefinição das alianças pode atingir outros Estados, onde as parcerias estão sendo colocadas em xeque.

Na capital fluminense, os petistas deixaram a gestão Eduardo Paes (PMDB) e anunciaram que não vão mais apoiar a candidatura de Pedro Paulo (PMDB) para a Prefeitura. Ao todo, 9 dos 11 deputados da bancada do PMDB do Rio votaram pelo impeachment, incluindo o próprio Pedro Paulo.

“Não tem lógica apoiarmos um candidato que votou contra a presidente. Vamos buscar nosso caminho, em busca de uma frente de esquerda”, diz Alberto Cantalice, vice-presidente nacional do PT.

Entre as opções estão o apoio às candidaturas de Jandira Feghali (PCdoB) ou Marcelo Freixo (PSOL).

No Rio Grande do Norte, o PT desembarcou do governo Robinson Faria (PSD) logo após o deputado Fábio Faria (PSD), filho do governador, anunciar que votaria pelo afastamento da presidente.

“Não vamos participar de um governo que pactuou com o golpe e defende golpistas”, diz Eraldo Paiva, presidente do PT potiguar.

Em Estados governados pelo PT, como Piauí e Minas Gerais, as alianças com partidos que apoiaram o impeachment passaram a ser contestadas.

Em Minas, o voto dos cinco deputados do PMDB pelo impeachment gerou desconforto na base do governador Fernando Pimentel (PT). Petistas já pregam publicamente a saída do PMDB da gestão. Em nota, a corrente Articulação de Esquerda defendeu a “saída imediata dos golpistas que estão no governo Pimentel”.

No Piauí, a aliança entre PT e PP foi colocada em xeque após a deputada Iracema Portela (PP), mulher do senador Ciro Nogueira (PP), presidente nacional do Partido Progressista, votar pelo impeachment. O governador Wellington Dias (PT) diz, no entanto, que só vai avaliar a situação após a votação do afastamento de Dilma no Senado.

Já em Alagoas, o voto pró-impeachment de deputados ligados ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB), sacramenta o distanciamento com o PT. Este ano, os dois partidos não vão repetir a aliança de 2014 e devem ter candidatos próprios em Maceió.

O mesmo pode acontecer no Estado vizinho, Sergipe. Os votos favoráveis de deputados do PMDB e PSB ao afastamento de Dilma podem implodir uma aliança que já durava seis anos.

Em São Paulo, o voto majoritário do PR contra Dilma pode afastar o partido da chapa de reeleição do prefeito Fernando Haddad (PT).

NOVOS ALIADOS

Ao mesmo tempo em que se descola de partidos que votaram pelo afastamento da presidente, o PT passou a se reaproximar de legendas que são antigas parceiras, como o PDT, e já fala abertamente num possível apoio ao PSOL em capitais, como pode ocorrer no Rio. Ambos os partidos votaram largamente contra o impeachment.

Na Bahia, o PDT voltou para a base aliada do governador Rui Costa (PT) e rompeu com o prefeito de Salvador ACM Neto (DEM); na cidade, o partido ocupava a Secretaria Municipal do Trabalho..

Único deputado federal do PDT na Bahia, Félix Júnior votou contra o afastamento de Dilma no domingo, semanas depois de ter anunciado que votaria a favor.

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