*Haroldo Cathedral
Há um ano e cinco meses o mundo vem convivendo com a pandemia da Covid-19, responsável por diversas mudanças na vida da sociedade. Ao entendermos o seu impacto catastrófico, é recorrente pensar em como sairemos deste assombroso cenário e o que mudará daqui em diante.
Alguns estudos têm apresentado caminhos que precisam ser considerados. Uma análise realizada por 50 especialistas sobre as novas tendências para o mundo pós-pandemia, divulgada na publicação inglesa The Economist, resumiu o cenário que devemos esperar. Esses efeitos serão de longo prazo, mas grande parte deles já estão presentes nas nossas rotinas.
Nesse sentido, destaco a relevância da tecnologia para garantir um novo estilo de vida às pessoas. Aprendemos um novo jeito de estudar, de trabalhar e de fazer negócios. A grande questão está em saber extrair boas práticas dessas mudanças, superando as dificuldades de adoção que fazem parte desse processo.
Para facilitar a leitura, separo por tendências essas mudanças que considero importantes.
Ensino Remoto
Na educação, penso que enfrentaremos os maiores desafios. O impacto das aulas remotas ainda está sendo avaliado, mas já é perceptível que a qualidade da aprendizagem dos estudantes longe das salas de aulas não é satisfatória. A desigualdade social dos alunos é outro fator prejudicial ao desenvolvimento da educação no País. Porém, também há motivos para acreditar que teremos avanços relevantes no modelo de ensino à distância na Educação Básica e Superior.
Assim como os especialistas da publicação inglesa, acredito que a educação nunca mais voltará a ser a mesma, já que a tecnologia permitiu uma série de melhorias. E elas vieram para ficar. Um bom exemplo é o modelo de ensino híbrido, quando há a inversão de grupos de estudantes que frequentam a escola e os que tem aula remota. Esse será o formato comum das novas gerações, e as escolas e universidades devem continuar investindo neste modelo. Mas devemos continuar avaliando os pontos positivos e negativos do ensino híbrido, sempre perseguindo o sucesso do processo de ensino-aprendizagem.
Trabalho em Casa
Outra tendência é o avanço do home office, o famoso “trabalhar de casa”. Se trata de um novo formato de se relacionar com seu trabalho, que permitirá novas rotinas de vida às pessoas, devendo impactar nas empresas e, certamente, no perfil de colaboradores recrutados. O trabalho remoto deve ser um dos importantes debates que demandarão regulamentação, e o Congresso Nacional será crucial para apresentar soluções neste sentido, visando proteger o empregado e o empregador.
Comércio on-line
As empresas estão apostando cada vez mais em soluções de entrega de produtos e serviços adquiridos por meio de vendas on-line. É o chamado e-commerce, termo que designa o comércio eletrônico. Mesmo antes da pandemia, apostar nas vendas pela internet já era um negócio promissor para grandes e pequenas empresas e tem revelado ser uma tendência que agrada o consumidor.
Existem muitas outras questões que não citarei para não alongar o pensamento, mas também merecem uma reflexão séria.
Desafios
De fato, muitos cenários precisarão de ajustes, mudanças e, principalmente, investimentos. A pandemia da covid-19, acelerou nossos passos em busca de soluções para o desenvolvimento da sociedade e agora estamos todos diante de uma realidade que deve seguir de base para importantes mudanças.
Finalizo reforçando que todos os novos dilemas que enfrentaremos será benéfico para sociedade se garantirmos os investimentos necessários para a população ter acesso à educação de qualidade, emprego e renda para acompanhar esse novo momento do mundo. Na Câmara dos Deputados, muitos projetos relacionados aos temas que impactam diretamente essas novas tendências já estão sendo analisadas e precisarão de consenso entre os parlamentares para que sejam tomadas as decisões necessárias.
Por enquanto, seguimos tomando os cuidados preventivos contra a pandemia para que, o mais breve possível, possamos focar nas boas práticas e nas medidas que farão o Brasil continuar a crescer.
*Haroldo Cathedral é empresário, doutor em Ciências Sociais e deputado federal.