Junji Abe: Hora de gritar “Não”!

Há pouco tempo, ficamos atônitos ao ver o espetáculo de crueldade em Santa Cruz do Arari, no Pará. Em troca de alguns R$, homens, mulheres e até crianças deflagraram uma caçada contra cães de rua. Pelo menos 300 foram mortos. A denúncia nas redes sociais paralisou a chacina. Se depender da legislação atual, os responsáveis estarão sujeitos à mísera pena de três meses a um ano.

Também pela internet, vimos uma mulher de Formosa (GO) espancar, até a morte, um cãozinho Yorkshire, na frente da sua filha, de dois anos. Não será surpresa se a agressora acabar condenada a pagar algumas cestas básicas. Diante da deplorável banalização da violência, questiono: se alguém é capaz de fazer tanta maldade com um bichinho, o que não fará com outro ser humano.

Se a espiral de maldade não for interrompida, em pouco tempo, haverá quem ache normal o que o dono fez com o Lobo, rottweiler que morreu depois de ser amarrado ao carro e arrastado em Piracicaba. Que sociedade é a nossa que se torna cúmplice de criminosos e ainda deixa este exemplo para as próximas gerações?

Cessar a onda odiosa de maus tratos aos animais é um dos instrumentos para gritar não aos atos violentos. A sociedade precisa evoluir dentro do conceito de que causar sofrimento a todo e qualquer ser vivo é crime. E será punido com todo rigor.

Tenho certeza de que há no mundo mais gente de bem do que a escória do mal. Em nome desta fé, peço a cada brasileiro que pressione seu deputado a aprovar o Projeto de Lei 2833/11, pronto para ser votado na Câmara. A proposta, do deputado Ricardo Tripoli (PSDB-SP), prevê legislação rigorosa para punir os responsáveis por atos de crueldade contra cães e gatos.

O projeto estabelece penas que vão até dez anos de prisão, podendo dobrar se o crime é cometido pelo dono do animal ou por mais de duas pessoas que se unem para a violência. Se aprovada a proposta, quem matar um cão ou um gato pode ser sentenciado à cadeia por cinco a oito anos.

Animais e plantas fazem parte de nossas famílias. Enquanto prefeito de Mogi da Cruzes, na Grande São Paulo, implantei na Cidade um Centro de Controle de Zoonoses (CCZ). Uma das mais modernas do país, a estrutura permitiu, por exemplo, a inédita campanha de esterilização gratuita de cães e gatos, além de vacinação antirrábica em massa. Também criamos a Escola Municipal de Meio Ambiente que orienta professores a educar para a preservação ambiental. Agora, temos a grande oportunidade de colaborar para resgatar valores perdidos em meio à violência cotidiana. E, principalmente, de preservar a essência humana, em nós mesmos e nas gerações futuras.

 *Junji Abe é deputado federal pelo PSD-SP

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