Thiago Peixoto: Estados Unidos, China e o clima

Com o acordo firmado entre China e Estados Unidos na última semana, o futuro do planeta ganhou uma perspectiva melhor, trazendo de volta para a pauta questões ambientais, que já foram tratadas pelos governos com mais atenção e prioridade. Afinal, chineses e norte-americanos – os maiores emissores de gases que provocam o efeito estufa no mundo – se comprometeram a avançar nas negociações climáticas.

E não estamos falando de pouca coisa. Juntos, os dois países são responsáveis por 45% (quase a metade) da emissão de gases poluentes na atmosfera. Em 2013, a China respondeu por 29% das 36 bilhões de toneladas de carbono emitidas por todas as fontes humanas, segundo o Projeto Global de Carbono. Já os Estados Unidos responderam por 15% enquanto toda a União Europeia, por 10%.

A China, inclusive, é um dos países em que as emissões de carbono aumentam de forma mais rápida. Agora, pela primeira vez na história, o país asiático estabeleceu como meta que essas emissões cheguem ao patamar máximo até 2030 e quer elevar dos atuais 12% para 20% a participação de combustíveis não fósseis em sua matriz energética.

Os Estados Unidos, por sua vez, se comprometeram a reduzir entre 26% e 28% os níveis de emissão de carbono registrados em 2005. A meta prometida anteriormente era de apenas 17% até 2020. Só que, para alcançar essa meta, os norte-americanos terão que praticamente dobrar o ritmo de redução das suas emissões de carbono.

O compromisso dos Estados Unidos é menor do que o da União Europeia, que tem uma meta muito mais ambiciosa: a redução de 40% do volume registrado em 1990. Mas temos que reconhecer o avanço tanto dos norte-americanos quanto dos chineses, que até então não demonstravam disposição para contribuir de forma mais efetiva para minimizar os efeitos do aquecimento da Terra.

Enquanto isso, outra boa notícia é que o Brasil dá exemplo para o mundo e poderá alcançar antes de 2020 as metas autoimpostas das emissões de gases de efeito estufa. De acordo com os dados mais recentes, de 2012, o Brasil já reduziu em 44% suas emissões desde 2009. A meta estabelecida era entre 36% e 39%.

No mês que vem, em Lima, no Peru, irá ocorrer a Conferência das Partes sobre Mudanças do Clima (COP-20) das Organizações das Nações Unidas (ONU). A expectativa é que seja criado um esboço do acordo global sobre o clima, que substituirá o protocolo de Kyoto e será definido na COP-21, no ano que vem em Paris, na França.

Até então, China e Estados Unidos eram bastante criticados pela falta de vontade e por não apresentarem metas ousadas para contribuir com a diminuição do aquecimento global. No entanto, o cumprimento dos dois países é vital para garantir um acordo mundial no próximo ano para reduzir as emissões depois de 2020, limitando o aquecimento global a 2°C, algo que os cientistas acreditam que o planeta “suportaria”. Caso contrário, pode ser tarde demais para reverter os danos que o superaquecimento do planeta causaria.

Thiago Peixoto é deputado federal pelo PSD-GO, economista e integrante da Comissão Mista sobre Mudanças Climáticas

 

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