Stephanes cobra interlocução do governo no desenvolvimento do agronegócio brasileiro

“A cabeça dos nossos dirigentes é muito urbana”. A afirmação foi feita pelo deputado federal e ex-ministro da Agricultura Reinhold Stephanes (PSD-PR) durante palestra no Global Agribusiness Forum, em São Paulo, ao enfatizar a falta de políticas estratégicas para o setor do agronegócio no Brasil. Para o deputado, falta ao governo organizar uma agenda pública para contemplar as necessidades e contribuir para que o país possa assumir o papel destinado a ele nos próximos anos.

“Em 20 anos, teremos que dobrar nossa produção para atender a demanda mundial. Devemos ser o maior exportador do mundo. Temos todas as condições para ser também um dos países mais eficientes. Já somos o país que mais cresce em eficiência atualmente. Mas para conseguir atingir esse nível no futuro serão necessários investimento em infraestrutura e logística (para evitar perdas de produção e de tempo para escoar os produtos), em pesquisa, educação e novas áreas para cultivo”, ressalta.

Segundo o deputado, estamos assistindo uma inversão na curva de preços agrícolas que se consolidará nos próximos anos e que funcionará como um incentivo ainda maior para os produtores nacionais. “Se antes os preços agrícolas puxavam a inflação para baixo, agora a história é outra. Os preços estão cada vez mais altos e já começam a influenciar a inflação para cima. Como preço é o maior incentivo para o produtor, temos aí uma razão mais do que justificada para nos tornamos um dos maiores produtores do mundo”, enfatiza.

Stephanes lembrou que o setor cresce atualmente a uma taxa de 4% ao ano e possui 70 milhões de hectares direcionados ao plantio e outros 200 milhões à pastagem. “A área de plantio ainda é pequena se comparada ao tamanho do território nacional”, destaca. Sem deixar de respeitar o meio ambiente, o deputado considera que é possível reduzir as áreas de pastagem utilizando o excedente para plantações, além de aumentar os investimentos em tecnologia e aproveitar 40 milhões de hectares de áreas consideradas degradas ou em degradação.

Ao reclamar da falta de planejamento e de agenda do governo para tratar do agronegócio no Brasil, Stephanes citou como exemplo, os casos do etanol e dos fertilizantes. “Há cinco anos, o presidente Lula afirmava que em dez anos o Brasil dobraria sua produção e passaria a exportar etanol, além de aumentar a utilização do combustível nos automóveis nacionais. Cinco anos depois, essa utilização que era de 50% caiu ara 30%, a produção está menor e importamos etanol dos Estados Unidos. Ou seja, assistimos a um fracasso total das previsões anteriores”, afirma.

Ainda de acordo com o deputado, a previsão para os próximos anos é ainda pior, considerando-se a falta de planejamento estratégico para o setor. “Não há como investir hoje sem saber qual a perspectiva para o futuro”, defende.

As críticas de Stephanes se repetem com relação aos fertilizantes. “Da mesma forma, falta ao país um plano nacional para garantir a competitividade brasileira na agricultura. Somos hoje o país com maior dependência do mundo entre os grandes produtores, importando 70% dos fertilizantes. Há pelo menos cinco anos venho insistindo na necessidade desse plano nacional. O Brasil tem condições de se tornar autossuficiente na produção de fertilizantes. O que precisamos é considerar o potencial excepcional do Brasil para explorar jazidas tanto de fósforo quanto de potássio, além de modernizar a legislação existente”, conclui.

Raquel Sacheto
Assessoria de imprensa do dep. Reinhold Stephanes

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