O Globo | Opinião: Que decida o usuário

THIAGO PEIXOTO

A tecnologia muda radicalmente a vida das pessoas. E para melhor. No entanto, alguns grupos parecem desconhecer isso. A sociedade acompanha o embate que opõe o Uber aos taxistas. O assunto não encontra consenso. No meio dessa guerra, os usuários querem apenas escolher o que mais lhes convém.

Diante desse cenário, a Câmara dos Deputados vem debatendo a presença do Uber e de outros aplicativos semelhantes. A pressão dos taxistas é enorme. Assistimos, atônitos, à violência contra motoristas do Uber e usuários, que só querem ter liberdade de escolha. Além disso, nesses lamentáveis episódios o trânsito é prejudicado, impedindo-se o direito de ir e vir.

A discussão permeia os corredores do Congresso. Um dos capítulos mais recentes é a análise de pedido de urgência para um projeto que dá exclusividade do direito de transportar passageiros em carros de passeio – uma clara proibição aos aplicativos e fortalecimento do corporativismo e do monopólio.

Vários parlamentares ecoam a voz dos sindicatos. Esquecem-se de olhar para o consumidor. Boa parte dos parlamentares envolvidos na questão discute muito o prejuízo que o aplicativo pode gerar aos taxistas, como o risco da perda de empregos e o fato de os motoristas do Uber exercerem atividade sem previsão legal. Mas, e o cidadão? Onde fica sua escolha nisso tudo?

A discussão vai muito além da disputa entre aplicativos e táxis. Trata-se do debate sobre a mobilidade nas cidades. Se a pessoa quer ir de táxi ou Uber, ela tem o direito de escolher. Para que não haja alegação de ilegalidade dos aplicativos, é preciso regulamentá-los. As leis não são imutáveis.

O progresso e a inovação são irreversíveis. Mas não ocorrem sem contestações. Podemos listar invenções que causaram grandes negativas, mas que geraram resultados positivos e mudaram o mundo para melhor. Foi o caso da lâmpada elétrica, do automóvel, do rádio, da televisão, do computador. O tempo passou, e a vida seguiu normalmente e com mais facilidade.

Viver em sociedade é um enorme desafio. É preciso fortalecer o diálogo, aceitar as diferenças e estar acessível às mudanças. Conviver com opostos e vislumbrar o novo pode ser o início de um brilhante exercício dessa habilidade cidadã. Usar a legislação como escudo para favorecer o monopólio e impedir a livre concorrência e a inovação não é uma opção viável.

Os taxistas precisam entender o Uber como mero concorrente. Ganha quem oferecer um serviço melhor e mais barato. Os aplicativos não ameaçam o futuro dos taxistas. O que os ameaça é não compreenderem o princípio da livre concorrência. A pergunta é: será que a sociedade é a favor do fechamento do mercado e da proibição dos aplicativos? Tenho certeza que não.

Utilizar-se da força, ou qualquer tipo de violência, não cabe mais no contexto atual. O corporativismo não pode vencer a inovação.

Somos livres para fazer escolhas!

Se a pessoa quer ir de táxi ou Uber, ela tem o direito de escolher

Thiago Peixoto é deputado federal (PSD-GO)

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