FPA divulga dados do setor no 9º dia de paralisação dos caminhoneiros

A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) e o Instituto Pensar Agropecuária (IPA), que reúne 40 entidades que representam o setor produtivo nacional, divulgaram dados dos prejuízos do setor em consequência da paralisação dos caminhoneiros. “Somos a favor do movimento, mas, achamos que agora a greve extrapolou os limites. Não podemos deixar o brasileiro desabastecido dos produtos básicos”, disse o ex-presidente da FPA e deputado federal Marcos Montes (MG).

Coletiva de Imprensa da FPA, no Salão Verde da Câmara dos Deputados. Foto: Claudio Araújo

O setor do agronegócio estimou cerca de R$ 10 bilhões de prejuízo à economia brasileira. Dados da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) estimaram mais de R$ 1 bilhão somente aos produtores nacionais, mais de R$ 1,8 bilhão de prejuízo à indústria de frangos e suínos e R$ 620 milhões à produção de carne bovina.

De acordo com a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), há a previsão de que mais de 90% da produção seja interrompida caso a situação não se normalize. Mais de 208 fábricas e 120 plantas frigoríficas já estão completamente paradas, com mais de 234 mil trabalhadores suspensos.

Prejuízos às cadeias do leite e carnes já somam mais de R$ 5 bilhões. Segundo a Associação Brasileira de Laticínios (Viva Lácteos), 51 milhões de litros de leite já foram descartados por produtores de diversos estados, o que gera um prejuízo diário de R$ 180 milhões.

O impacto para a suinocultura no Brasil, que é o 4º maior produtor mundial da proteína, já atinge 20 milhões de suínos, os quais não estão recebendo alimentação su­ficiente. É o que informa a Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS). Com falta de insumos, muitos animais já morreram.

Dada a perecibilidade também das frutas e hortaliças, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) aponta que 95% dos legumes e frutas já estão em escassez na segunda maior Central de Abastecimento (Ceasa) da América Latina, em Irajá, Zona Norte do Rio.

Normalmente, 400 caminhões descarregam produtos no local diariamente. Atualmente, apenas 52 transportadores de carga chegaram à Central por dia. Cargas de manga de produtores-exportadores da região de Petrolina, em Pernambuco, estão impossibilitadas de sair do município em direção aos portos, deixando os produtores sem alternativas.

Produtores de alface e batata perderam grande volume de produção que estavam em caminhões parados, sendo obrigados a doar os produtos em meio às rodovias. O preço da batata, por exemplo, registrou crescimento de mais de 100% entre os dias 18 e 24 de maio, de acordo com dados da CNA.

Exportações

No caso das exportações, tradings do setor já têm informado aos clientes que as próximas entregas irão atrasar. Nos próximos dois dias, segundo a União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), todas as usinas e fornecedores de cana-de-açúcar do Estado de São Paulo estarão com suas operações completamente paralisadas. O Estado, que possui 14 mil produtores rurais fornecedores de cana, 150 usinas e gera mais de 310 mil empregos diretos, é responsável por 60% da produção brasileira de açúcar e etanol. A paralisação reduz o faturamento dessas unidades em aproximadamente R$ 180 milhões por dia.

De acordo com dados do Fórum Nacional Sucroenergético, no Centro-Sul, responsável por 94 % da produção de etanol no país, a perda de receita estimada é de R$ 300 milhões com, pelo menos, 220 usinas paradas por conta da falta de óleo diesel.

Informações divulgadas pela Frente Parlamentar da Agropecuária

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